São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 1996
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Aids cresce entre usuários de drogas

SILVIA QUEVEDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

A utilização de drogas injetáveis é a forma de contaminação pelo vírus da Aids que mais cresce hoje no Brasil.
Segundo a coordenadora do Programa Nacional de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e Aids do Ministério da Saúde, Lair Guerra de Macedo, as drogas são atualmente o maior problema do combate à doença no país.
Guerra, 53, que participa em Florianópolis (Santa Catarina) de um encontro sobre a Aids nas regiões Sul e Sudeste, divulgou ontem os novos números da doença registrados no país.
Os números
O Brasil tem hoje 79.908 casos da doença registrados pelo ministério. Desses casos, 43.184 estão localizados em São Paulo.
A projeção do ministério, entretanto, é de que existam hoje cerca de 500 mil pessoas infectadas no Brasil.
Na avaliação da coordenadora, embora a transmissão sexual ainda seja o principal fator de contaminação, os dados demonstram que, enquanto essa forma de contágio diminui, a infecção pelo uso de drogas injetáveis apresenta um aumento.
Já de 1988 para 1996, o índice caiu para 53%. Nos períodos correspondentes, a contaminação pelo uso de drogas pulou de 10% para 22%.
"Isso é o que mais nos preocupa. É difícil um projeto de intervenção nas cidades. Os usuários são geralmente tratados como bandidos, e as mulheres acabam infectando as crianças que nascem", afirma Guerra.
Ainda segundo os dados do ministério, a população jovem, de 19 a 39 anos, é a mais atingida pela Aids.
Entre usuários de drogas, a maior incidência se dá na faixa etária de 25 a 29 anos, na qual o ministério registra 5.177 notificações. Entre 20 e 24 anos, há 3.635 casos, e 816 na faixa que vai dos 15 aos 19 anos.
O ministério também identificou um caso de uma criança de nove anos que contraiu a doença pelo uso de droga injetável. É o único caso do país, na faixa entre cinco e nove anos.
Lair Guerra não quis fornecer informações sobre a criança, alegando a necessidade de manter sigilo sobre o caso.
O acompanhamento feito desde 80, quando o primeiro caso da doença foi diagnosticado no país, revela uma queda aparente no número de ocorrências nos últimos três anos.
Em 1993, o ministério recebeu 13.792 notificações, contra 13.595 em 94 e 7.992 em 95/96.

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