São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 1996
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Justiça condena falso médico a 30 anos

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O falso médico Bruno Pascini foi condenado pelo 2º Tribunal do Júri, por unanimidade, na madrugada de ontem, a 30 anos de prisão. Ele é acusado de mandar matar sua mulher, a decoradora Gisele Balesteiros Pascini.
Novo julgamento foi marcado para a próxima segunda-feira. Isso porque a pena de Pascini, 41, foi superior a 20 anos. Nesse caso, a lei prevê o protesto da defesa por um novo julgamento.
O juiz que presidiu o julgamento anteontem, Antonio de Paula Santos Neto, disse que a nova data é muito próxima porque havia uma lacuna na pauta de segunda-feira.
O julgamento de Pascini demorou 17 horas -das 10h30 de anteontem às 3h30 de ontem.
O falso médico foi considerado culpado por 7 votos a 0. Ele negou, durante o seu julgamento, ter sido o mandante do crime.
Pascini está preso há dois anos na Penitenciária do Estado. Ele foi condenado por tráfico de drogas (devido aos medicamentos proibidos que receitava a seus clientes) e responde a processos de exercício ilegal da medicina, sonegação fiscal e denunciação caluniosa.
Gisele foi sequestrada em 8 de junho de 93, na porta da casa dos pais, em Santana (zona norte de SP). Seu corpo foi encontrado dois dias depois, perto de Parati (RJ).
Já foram condenados no caso os ex-PMs Marcelo Lunardelli e Fernando Pinheiro Cavalcante. Eles teriam cometido os crimes de sequestro, roubo e morte de Gisele.
Também foi condenado o advogado Sindbad Thadeu Focaccia, acusado de ter intermediado a contratação dos assassinos. Jorge Henrique Marjorine, advogado que também teria intermediado a contratação, está foragido.
O promotor José Carlos Meloni Sícoli alegou que Pascini teria planejado a morte da mulher porque temia que ela o denunciasse pelo exercício ilegal da profissão. O casal estava em fase de separação.
O advogado de Bruno Pascini, João José Ramacciotti Júnior, sustentou que seu cliente é inocente.
Ele se baseou, principalmente, no depoimento do ex-PM Marcelo Lunardelli, que, modificando seus três depoimentos anteriores, afirmou anteontem que não conhecia Pascini e que a intenção era sequestrar Gisele.
Ele voltou a admitir que matou a decoradora e acusou o advogado Jorge Marjorine de ser o mentor do sequestro de Gisele.
Lunardelli disse ter sido procurado pelo promotor Tharcillo Toledo Neto e pelo delegado do Departamento de Homicídios Sérgio Alves, que lhe teriam proposto um acordo: incriminar Pascini em troca de uma pena mais branda.
Sícoli disse que Toledo e Alves afirmaram em juízo que apenas garantiram ao ex-PM que ele ficaria preso separadamente de seus colegas, caso confessasse o crime.

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