São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 1996
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Luvas e violino

WILSON BALDINI JR.

Muitas coisas nós só aprendemos depois de "velhos". Uma delas é reconhecer que deveríamos ter obedecido os pais, principalmente a mãe, quando éramos pequenos.
Mas na história do boxe uma "molecagem" acabou propiciando o surgimento de um dos maiores lutadores de todos os tempos.
Vislumbrando a possibilidade de um vida melhor, a família Barrow deixava a pequena Lafayette, no Alabama, e partia para Detroit.
Com a melhora no padrão de vida e preocupados com o futuro dos filhos, os pais faziam questão que eles tivessem a oportunidade de não repetir o pobre passado.
Investindo nisto, colocaram o jovem Joe na escola de violinos. Mas bastou uma dúzia de lições para que o rapaz percebesse que a sua vida deveria tomar outro rumo.
Juntamente com o amigo Ray, mais tarde consagrado como Sugar Ray Robinson, Joe dizia aos pais que estava indo "praticar".
Mas na verdade corria para assistir a mais uma etapa do principal torneio amador dos EUA, o "Golden Gloves" de 1932.
Começava aí um dos maiores "casamentos" do esporte. Depois de muitas brigas, "normais" entre pais e filhos -mas que podem ser evitadas, ainda mais pelos segundos- e cinco anos de treinamentos, a categoria dos pesos-pesados conheceria o seu campeão que por quase 12 anos ficou com o cinturão.
Joe Louis Barrow, que na última segunda-feira completaria 82 anos, defendeu por 25 vezes o cinturão, ganhou 68 combates e acumulou 54 nocautes.
Joe Louis morreu pobre, como porteiro do Caesar's Palace Hotel, em Las Vegas, em 81. Talvez um final de vida não desejado por seus pais.
A Filarmônica de Detroit perdeu um violinista de primeira, mas o boxe ganhou um de seus maiores expoentes. Sorte nossa!

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