São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 1996
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Cássia Eller faz 'show do disco do show'

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

No início, era um show acústico que promovia o disco "Cássia Eller", de 1994. O show acabou virando disco: "Cássia Eller ao Vivo", lançado no início do ano.
Agora, a cantora Cássia Eller traz de volta a São Paulo o show "Violões", registrado no disco. São 15 canções, com acompanhamento de violões -além dela, tocam Walter Villaça e Luciano Maurício.
"É o show do disco do show", brinca Cássia. Segundo a cantora, não é exatamente o mesmo espetáculo apresentado na Tom Brasil em dezembro do ano passado.
"Tem outras músicas, como 'Blues da Piedade', do Cazuza, e 'Blackbird', dos Beatles".
Também vai ser possível conferir as canções que ficaram fora da gravação -como "Cherokee Louise", de Joni Mitchell, e "Rubens", de Mário Manga.
Uma das preferidas da cantora, "Rubens" é um primor de ambiguidade. Cássia assume o papel de um homem se declarando a outro ("Rubens/não dá/a gente é homem/o povo vai estranhar").
"É um dos pontos altos do show", diz Cássia. "Só não entrou porque a qualidade da gravação não estava boa."
Outra que se enquadra nessa categoria é "Doce do Mar", parceria inédita de Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. "Vou guardar para o próximo disco."
A maior novidade do próximo álbum será uma parceria entre Cássia e Marisa Monte. "Combinamos um encontro no meio do ano, para fazermos algo juntas."
O novo trabalho só deve ser lançado em 1997 -mas 70% do repertório já está escolhido.
Além de Carlinhos e Marisa, entram no disco composições inéditas de Lulu Santos e Renato Russo.
Há ainda um blues instrumental, da própria Cássia. "Gostaria de ser uma compositora, mas não sou. Dou minhas cacetadas."
Dois anos sem gravar aplacaram seu ódio pelos estúdios. "Funcionou ao contrário. Ficar sem fazer estúdio me deixou com vontade."
Mesmo assim, só deve gravar em 1997. Até o final do ano, leva "Violões" para o resto do Brasil.
"Negão"
O som despojado, sem amplificação, trouxe uma descoberta para a cantora. "Percebi que tenho um estilo. Não sei dar um nome, mas sei qual é."
Por enquanto, prefere ser chamada de roqueira. Faz sentido: seus compositores preferidos são Renato Russo e Cazuza.
Seu último hit radiofônico, "Malandragem" (de Cazuza e Frejat), puxou as vendagens de "Cássia Eller" (1994), que chegou às 180 mil cópias.
Para muita gente, porém, ela ainda é sinônimo de MPB. Também já foi chamada de cantora de soul. "Não, isso é mentira", diz, rindo. "O timbre é grave, a voz é rouca. Mas aquele jeito de negão eu não tenho não."

Show: Violões
Quem: Cássia Eller
Quando: hoje e amanhã, às 22h, e domingo, às 20h
Onde: Palace (al. dos Jamaris, 213, tel. 011/531-4900)
Preços: R$ 20 a R$ 40

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