São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Prefeitura quer casa de luxo para militar

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 312 apartamentos do complexo do Colégio Militar que a Prefeitura de São Paulo quer construir no Ibirapuera (zona sul de SP) têm estrutura e acabamento comparáveis a apartamentos de luxo em regiões nobres da cidade.
Vários itens dos apartamentos, detalhados no edital de 2.019 páginas da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) obtido pela Folha, são classificados pela norma de edificações NBR 12721, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), como de alto padrão (veja quadro).
O vice-presidente de economia do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Eduardo Zaidan, avaliou em R$ 196 mil o valor de um apartamento com as características dos previstos no edital.
Zaidan também considerou luxuosas as instalações do colégio.
Pelo convênio entre o Exército e a prefeitura, que a Câmara Municipal aprovou em novembro de 1995, cabe ao município construir e equipar o complexo, além de ceder professores e funcionários para as vagas que o Exército não conseguir preencher.
A cessão do terreno, a manutenção do colégio e a coordenação do projeto pedagógico, além do pagamento de professores e funcionários, cabem ao Exército.
É a primeira vez que o Exército faz convênio para construir um colégio com uma prefeitura. O custo total de construção, estimado no edital, é de R$ 120 milhões.
O memorial descritivo afirma que os apartamentos "devolverão, aos militares que abriram mão de suas residências no local onde se instalará o CMSP, seus locais de moradia."
Para dar lugar ao colégio, foram demolidas 30 residências, dois prédios com 12 apartamentos cada e 168 alojamentos, além de 7 galpões do quartel. A Folha apurou que moravam no local cerca de 3.000 pessoas, não-ligadas diretamente ao colégio.
O edital afirma que os apartamentos "cobrirão uma importante lacuna na resolução do problema de moradia de classe militar".

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