São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Bilhete de oficial suicida cita condecoração falsa, diz jornal

Americano pode ter se matado por causa de broches

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O motivo para o suicídio do almirante Jeremy Mike Boorda pode ter sido a descoberta de que ele usara durante 30 anos condecorações a que não tinha direito.
A agência noticiosa "National Security News Service" conseguiu, com base na Lei de Liberdade de Informação, os originais das proclamações que acompanharam 2 das 16 medalhas ganhas por Boorda nos seus 40 anos de Marinha.
Nelas, não constava a menção indispensável para um militar ter o direito de colocar sobre as fitas que substituem as medalhas no uniforme cotidiano (as medalhas só são usadas em traje de gala) um pequeno broche de bronze com a letra "V" (de valor).
Esse broche, que aumenta muito a importância da condecoração, significa que a comenda foi obtida devido a ação heróica sob fogo inimigo. Embora Boorda tenha recebido as condecorações em 1965 e 1973, quando servia no Vietnã, ele nunca esteve sob fogo inimigo.
Boorda deixou de usar os dois broches há um ano, quando foi alertado sobre sua impropriedade.
Segundo o jornal "The Washington Post", numa das duas notas que deixou antes de se suicidar, Boorda disse ter cometido "um erro honesto" ao usar os broches.
Especialistas em questões militares dizem ser difícil que Boorda pudesse desconhecer as exigências para o uso dos broches de valor.
O almirante tinha uma entrevista com jornalistas da revista "Newsweek" marcada para uma hora antes do seu suicídio. A revista lamentou a morte de Boorda e disse que ainda estava apurando a reportagem sobre as condecorações e não decidiu se vai publicá-la.

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