São Paulo, sábado, 18 de maio de 1996
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Membros da CEI apóiam Boris Ieltsin

Países temem neocomunista

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Líderes de 11 ex-repúblicas soviéticas manifestaram ontem em Moscou seu apoio ao presidente russo, Boris Ieltsin.
Eles temem que a soberania de seus Estados seja ameaçada por uma vitória do neocomunista Guennadi Ziuganov, favorito na eleição presidencial de 16 de junho.
Os membros da CEI (Comunidade de Estados Independentes) deixaram claro que querem a permanência de Ieltsin no poder para proteger o grupo e garantir a continuidade das reformas russas.
Os chefes de Estado divulgaram uma declaração em que afirmam que vão respeitar a vontade dos russos, mas esperam que eles optem por uma Rússia "unida, florescente e democrática".
Em um sinal de prestígio para Ieltsin, o secretário-geral da ONU, o egípcio Boutros Boutros-Ghali, também esteve na reunião.
"Não tivemos escolha senão oferecer apoio para a atual liderança russa, pois só ela garante a preservação de nossas soberanias", disse o presidente da Armênia, Levon Ter-Petrosian.
Restauração
Ziuganov é a favor da restauração da União Soviética "em bases voluntárias". O Parlamento, dominado pelos neocomunistas, cancelou em março passado o acordo parlamentar que extinguiu a União Soviética.
A decisão não teve consequências práticas, mas serviu como uma demonstração de força.
Na tentativa de ganhar o apoio da população e reverter o favoritismo de Ziuganov, Ieltsin também divulgou anteontem uma série de medidas de grande apelo popular.
Ele anunciou o fim do serviço militar obrigatório até o ano 2000. A medida deve ter repercussão positiva entre o eleitorado, já que a maioria dos jovens -e suas famílias- temem hoje ser enviados para lutar na Tchetchênia.
Analistas acreditam que muito dificilmente a Rússia conseguirá montar um Exército profissional em apenas quatro anos. Ieltsin já prometeu visitar a república separatista antes das eleições.
O líder dos guerrilheiros, Zelimkham Iandarbiev, disse que não planeja nenhum ataque contra ele, mas desaconselhou a viagem.
Ele disse que matá-lo para vingar a morte do líder Djokhar Dudaiev "é uma questão de honra para qualquer tchetcheno honesto".
Ieltsin também suspendeu o envio de alistados para a Tchetchênia e concedeu indenizações a maiores de 80 anos que perderam suas economias por causa da inflação.
Pesquisas
Duas pesquisas divulgadas ontem trazem previsões diferentes do resultado da eleição.
Um levantamento feito pelo Instituto de Sociologia do Parlamentarismo traz Ziuganov em primeiro, com 42% da preferência. Ieltsin, em segundo, tem 27%.
Outra pesquisa, da Fundação de Opinião Pública, traz o presidente russo à frente, com 27,8%, e o candidato neocomunista em segundo, com 23,6% dos votos.

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