São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estudo testa remédios para a próstata

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um estudo inédito que comparou os dois remédios mais prescritos em todo o mundo para o alívio dos sintomas causados pelo crescimento da próstata revelou que o terazosin, da Abbott, tem efeito superior ao da finasterida, da Merck Sharp & Dome.
O resultado foi divulgado na última semana durante o congresso da Associação Americana de Urologia em Orlando (Flórida). Os dois remédios já são vendidos no Brasil há alguns anos.
A hiperplasia benigna da próstata (HPB) provoca um crescimento exagerado dessa glândula masculina e atinge metade dos homens com mais de 50 anos e 80% dos homens com mais de 80 anos.
O crescimento da glândula pressiona a uretra (canal de passagem da urina) e pode provocar problemas como dificuldade para urinar, sensação de que a bexiga não ficou completamente vazia, necessidade de ir ao banheiro várias vezes ao dia, jato fraco de urina e gotejamento após o final da micção.
Sintomas diferentes
Nem todos os homens com HPB apresentam os mesmos sintomas. Miguel Srougi, chefe do departamento de urologia do Hospital da Beneficência Portuguesa, explica que só os que apresentam manifestações muito intensas precisam ir para uma cirurgia -que traz riscos de impotência e de incontinência urinária (dificuldade de controle das micções).
Segundo Srougi, autor do livro Hiperplasia Prostática, os que têm sintomas moderados podem se beneficiar do uso de remédios.
O estudo americano aponta que as drogas mais eficazes pertencem à classe dos alfa-bloqueadores, originalmente usadas para tratar a hipertensão arterial. Essas substâncias agem sobre a musculatura da próstata, provocando seu relaxamento. Com isso, a pressão sobre a uretra diminui e o homem têm um alívio dos sintomas.
Resultados
O trabalho foi coordenado por Herbert Lepor, chefe do serviço de urologia do New York University Medical Center e acompanhou 1.229 pacientes por um ano.
Lepor dividiu seus pacientes em quatro grupos. O primeiro recebeu placebo (substância sem efeito clínico), o segundo, finasterida (leia texto abaixo), o terceiro, terazosin e o quarto, uma combinação entre as duas drogas.
Os resultados mostraram que a finasterida empatou com o placebo, que o terazosin obteve efeitos superiores à finasterida e que a combinação entre finasterida e terazosin não apresenta vantagens.
Marjo Perez, chefe do serviço de urologia da Santa Casa de São Paulo, diz que o hospital foi um dos oito participantes de um estudo feito com o terazosin no Brasil.
Segundo Perez, o resultado mostrou que 95% dos pacientes se beneficiaram do uso da medicação e 5% tiveram que abandonar o tratamento. O remédio começa a fazer efeito em poucos dias.

Texto Anterior: Nova avenida já tem 2,7 km
Próximo Texto: Novo método utiliza o calor
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.