São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Poços podem suprir déficit da Grande SP

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A solução para a falta de água na Grande São Paulo poderia vir do fundo da terra, acredita o geólogo Aldo Rebouças. Ele estima que um sistema descentralizado de poços espalhados pela região metropolitana poderia captar 25 m3 de água por segundo.
Esse volume é quase três vezes maior que o déficit de 9 m3 por segundo com o qual convive a Grande São Paulo.
Segundo dados da Sabesp -estatal responsável pelo saneamento básico na maior parte do Estado-, a empresa produz hoje na Grande São Paulo 60 m3 de água por segundo, contra uma demanda de 69 m3.

Vazamentos São 33,3 milhões de litros de água que faltam nas torneiras a cada hora, prejudicando 3,2 milhões de pessoas. Só em vazamentos, a Sabesp perde 20% de sua água, ou 43,2 milhões de litros por hora.
Os técnicos do DAEE -órgão responsável pelas políticas de água e energia elétrica- estimam que apenas 5 m3 (ou 5.000 litros) de água por segundo poderiam ser retirados por poços artesianos na Grande São Paulo.
A região está sobre uma bacia sedimentar considerada de média a fraca produtividade de água. Ainda assim, algumas regiões, como a de Cumbica, estão sobre um lençol capaz de abastecer todo o aeroporto, com cerca de oito poços.
Em toda a Grande São Paulo, o DAEE estima que existam 7.000 poços abertos, a maioria com vazão média de 15 m3 por hora, suficiente para abastecer 1.500 pessoas.
Os poços têm entre 50 e 200 metros de profundidade.
Para fugir dos riscos da falta de água e das tarifas da Sabesp, a maioria dos grandes empreendimentos está construindo seus poços. Entre os hotéis, estão o Maksoud e o Brasilton. Condomínios como o Portal do Morumbi têm poços próprios. O hospital Beneficência Portuguesa também.
Na região da Paulista, muitos edifícios são servidos por poços próprios. Um único poço aberto na rua Peixoto Gomide, nos Jardins, está com capacidade de 35 mil litros por hora. Poderia abastecer 3.500 pessoas.
Para evitar perda, a vazão do poço teve de ser controlada.
Segundo o empresário Carlos Giampá, os gastos com a perfuração de um poço podem ser compensados em um ano, apenas com a redução nas contas da Sabesp.
Os edifícios que têm poços cadastrados na Sabesp pagam apenas o uso do esgoto, equivalente à metade da conta de quem usa a água da rede. Boa parte das indústrias e condomínios continua usando água de poço de forma clandestina.
(AB)

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