São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Eder Jofre bate Tyson em lista histórica

MARCELO DAMATO

MARCELO DAMATO; ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Revista norte-americana 'The Ring' situa brasileiro como o nono maior pugilista do mundo nos últimos 50 anos

O brasileiro Eder Jofre, 60, ex-campeão mundial dos galos (1960-65) e dos penas (1973), é um dos dez maiores pugilistas do mundo dos últimos 50 anos, contadas todas as categorias do boxe.
Jofre aparece em nono lugar no ranking elaborado pela revista norte-americana "The Ring", a mais importante publicação especializada em boxe do planeta.
Ele está, por exemplo, dez posições à frente do norte-americano Mike Tyson, atual campeão mundial dos pesados pelo Conselho Mundial de Boxe.
"Fiquei na frente do Tyson, é?", surpreendeu-se o brasileiro, hoje vereador (PSDB) em São Paulo, ao ser informado da lista pela Folha. "Fico muito honrado."
Na edição de junho, a revista traz uma lista dos 50 melhores pugilistas dos últimos 50 anos (leia texto abaixo).
No caso de Jofre, a explicação da revista para o nono lugar é: "Invicto em suas 50 primeiras lutas; grande peso-galo que ficou três anos parado e voltou para conquistar o título dos penas".
Para estar ainda melhor no ranking, segundo a revista, o brasileiro teria que ter "reinado durante a época dos grandes pesos-galos mexicanos".
Jofre discorda da última afirmação. "Ganhei o título contra um mexicano (Eloi Sánchez) e ganhei o direito de disputar o título contra outro mexicano (Joe Medel)."
Carreira
Filho do técnico de boxe Kid Jofre, argentino radicado no Brasil, Eder se profissionalizou em 1957.
Três anos depois, conquistou o título mundial dos galos: nocauteou Eloi Sánchez no sexto assalto.
Jofre fez 11 defesas bem-sucedidas do título e tinha uma invencibilidade de 50 lutas como profissional quando foi derrotado por Masahiko Harada, em Nagóia. Dois juízes deram a vitória a Harada, e o outro, a Eder.
"Terminei com o rosto todo inchado. Ele ficou me dando cabeçadas. Não enxergava nada. Depois da luta, na rua, os japoneses me paravam e diziam: 'Você grande lutador, Harada não'."
No ano seguinte, Harada venceu novamente por pontos a revanche, também em Tóquio. A luta completa 30 anos neste mês.
"Na segunda luta, como ele era o campeão, os juízes poderiam até ter dado empate", lembra Jofre, que guarda em casa o vídeo do confronto com o japonês.
O brasileiro voltou a lutar em 1969, como peso-pena, e conquistou o título mundial em 1973, em Brasília, ao derrotar o espanhol José Legrá por pontos. Jofre perdeu o título por não tê-lo defendido em tempo hábil (só fez uma defesa).
Tyson
Jofre está próximo de acertar um encontro com Mike Tyson, às vésperas da próxima luta do norte-americano, contra Bruce Seldon, em 13 de julho, em Las Vegas.
Tyson é um admirador confesso do estilo do brasileiro.
"O Tyson sempre fala em entrevistas que gosta de ver filmes de minhas lutas", explica Jofre.
O brasileiro quer aproveitar a eventual estadia nos EUA para dar apoio à equipe brasileira de boxe na Olimpíada de Atlanta.
"Com os técnicos cubanos, classificamos seis lutadores. Isso nunca aconteceu antes. Temos lutadores que poderiam ir mais longe. Falta gente para ensinar como lutar direito."
"Na ditadura, tirei meu pai e um tio da prisão. Eu fui buscá-los. Apoiei o PMDB em campanhas, mas entrei para o PDS porque, quando me convidaram, procurei meus amigos e eles não fizeram nada para me impedir. Mas minha família sempre foi de esquerda."

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