São Paulo, domingo, 19 de maio de 1996
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Namoro une facções

Protestante e católica estão juntos há um ano

IGOR GIELOW; ADRIANA ZEHBRAUSKAS
DO ENVIADO ESPECIAL A BELFAST

Um casal de estudantes de direito da Universidade Queen's, em Belfast, revive "Romeu e Julieta" ao estilo norte-irlandês.
Na peça escrita pelo inglês William Shakespeare entre 1595 e 1596, dois jovens de famílias rivais tentam viver um romance, mas acabam mortos no final.
"Não queremos nada parecido com aquele casal servo-muçulmano de Sarajevo que ficou apodrecendo morto na rua", disse Mary Connely, católica nascida em meio à turbulência de 1969.
Seu namorado, Donoham Mattews, tem a mesma idade e cresceu na vizinhança do quartel-general da temida RUC (a polícia da Irlanda do Norte), na zona protestante de Knocks (leste de Belfast).
Eles se conheceram na faculdade. "No começo, tinha medo da reação dos meus pais. Mas, no final das contas, contei tudo e acabou dando certo", disse Mary à Folha durante um intervalo. Na casa de Mattews não houve problema. "Falei de cara para meu pai. Queria saber logo se ia ter de brigar para poder namorar."
"Isso está se tornando muito comum. Temos amigos católicos, alguns nacionalistas. Um primo meu quis entrar para o Sinn Fein. Melhorou muito após a trégua de 1994", disse David Kerr, ex-aluno da Queen's e hoje um líder do Partido Unionista do Ulster.
Há hoje uma tendência de aumento da população católica na Irlanda do Norte. Havia 60% de protestantes na Província há 30 anos. Hoje, são 50%. Na Queen's, os católicos são 70% dos alunos. (IGOR GIELOW e ADRIANA ZEHBRAUSKAS)

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