São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996 |
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Marca 'de segunda' aumenta vendas
MÁRCIA DE CHIARA
O repique da marca "de segunda", que teve mercado garantido na época da inflação alta, vem ocorrendo desde o final de fevereiro, segundo os supermercadistas. Essa tendência deve se acentuar com o aumento do desemprego, diz Firmino Rodrigues Alves, presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas). Ao contrário do primeiro semestre do ano passado, quando o cliente comprava a marca que tinha "nome", hoje o consumidor está de olho no preço, diz Alves. Na conjuntura atual, os clientes dos supermercados preferem comprar produtos mais baratos, ainda que de qualidade inferior. Hoje, o temor de ficar desempregado faz com que os consumidores deixem de lado marcas mais tradicionais, especialmente no setor de produtos de higiene e de limpeza. Mais espaço As marcas tidas como de segunda voltaram a vender mais porque, segundo os supermercadistas, aumentou a diferença entre o preço da líder e o das concorrentes nos últimos meses. "Toda vez que a diferença entre o preço da marca líder e o das concorrentes é maior do que 20%, cresce o interesse do consumidor pela marca menos conhecida", diz Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga, sindicato que reúne os pequenos supermercados. A Folha apurou que os supermercadistas também estariam dando mais espaço nas gôndolas para as marcas menos conhecidas, com o objetivo de pressionar as líderes e obter prazos mais longos de pagamento. Diferenças Sidnei Pereira de Mattos, superintendente da rede Tulha, confirma o avanço das marcas menos conhecidas. Desde março deste ano, por exemplo, o detergente líquido Espuma roubou 30% do mercado do Minerva em suas 19 lojas espalhadas pelo Estado de São Paulo. Outro exemplo: na rede Tulha, o floco de milho da Nutrifoods abocanhou 40% das vendas da líder de mercado Kellogg's. No caso do detergente, o diferencial entre o preço da líder e o da concorrente é de 68% nas suas lojas, diz Mattos. No caso do floco de milho, a diferença é maior (76%). Indústria O aumento do consumo das marcas menos conhecidas já foi detectado por quem fabrica esses produtos. Claudio Bighinzoli, diretor comercial da Itamaraty Dominó, que fabrica o detergente Espuma, diz que chegou a perder 15% do mercado após a edição do Plano Real. "No momento da transição para a nova moeda, os supermercados deram preferência para os produtos das multinacionais. Chegamos a perder 15% do mercado." Segundo Bighinzoli, hoje o produto já recuperou a fatia que havia perdido no mercado paulista. "A rotatividade do nosso produto no ponto-de-venda aumentou 60% no último ano", diz Arlindo Nunes Filho, gerente regional de vendas de São Paulo da Nutrifoods, que fabrica flocos de milho. Segundo ele, seu produto conquistou, de outubro para cá, 40% do volume vendido pela Kellogg's em São Paulo. Líderes Procurada pela reportagem da Folha, a diretoria da Kellogg's, líder no mercado de flocos de milho, não quis se pronunciar sobre o assunto. Ronald Rodrigues, diretor de assuntos corporativos da Gessy Lever, que fabrica o detergente Minerva, afirma: "Não tenho indicação de que esteja ocorrendo nada digno de nota nos volumes vendidos do nosso produto nos supermercados." LEIA MAIS sobre supermercados na pág. 2-3 Próximo Texto: Sem retroagir; Herança mínima; Ritmo acelerado; Nova fábrica; Olho aberto; Rumo ao interior; Efeitos da crise; Importação desleal; Saldo negativo; Mais automação; Alíquota menor; No conselho; No seguro; Ajuda externa; Na rede; Pelo computador Índice |
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