São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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Proteste com argumentos

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quando o país vivia sob o regime militar (64-85), era comum os estudantes saírem em passeata criticando o governo.
Guardadas as proporções, muitos naquela época também não sabiam apontar direito os erros administrativos dos políticos.
Tudo bem. Durante o regime militar, o problema principal era um só: a falta de democracia.
Hoje, o governo tucano de FHC encheu o país de nuances. Não existe mais a dicotomia do bem (a oposição pedindo democracia) contra o mal (o regime militar antidemocrático).
Para FHC, dar dinheiro para bancos significa proteger os correntistas. Para a oposição, é encher o bolso dos banqueiros. Quem tem razão? Um pouco cada um.
Os secundaristas de quarta-feira estavam afinados com a oposição. Mas poderiam, então, entender melhor as palavras de ordem.
Uma CPI dos Bancos investigaria todas as falências bancárias do país. Ficaria claro quem ganhou e quem perdeu dinheiro.
FHC não quis a CPI. Argumentou que descambaria para um circo político. Distribuiu favores e cargos. Ganhou a parada.
O juro alto serve para segurar a inflação no chão. Fica caro comprar um carro ou uma calça jeans a prestação. As pessoas param de ir às lojas. Os preços caem. As lojas vão à falência. Também as indústrias. E vem o desemprego.
Como se vê, estudante de passeata hoje tem de ser informado. E o único jeito de protestar contra os tucanos é com argumentação na ponta da língua. Outra opção é berrar algo que nunca conseguirá fazer: "1, 2, 3, 4, 5 mil, ou instala a CPI ou paramos o Brasil".

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