São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indústria exige mudanças na economia

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 2.500 empresários de todo o país, usando 16 aviões fretados, dezenas de vôos particulares, 15 ônibus e dezenas de carros, vão ocupar Brasília amanhã para pressionar o Executivo e o Legislativo a tomarem medidas para a retomar o crescimento, combater o desemprego e acelerar as reformas.
"O objetivo é conscientizar o Executivo e o Legislativo que os industriais não aguentam mais", disse Roberto Nicolau Jeha, coordenador do GPPI (Grupo Permanente de Política Industrial da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Estamos mobilizados por políticas que nos permitam investir, gerar empregos, fazer a distribuição de renda e impedir que a atual política econômica jogue o país em uma situação de caos social e econômico", disse Jeha.
O presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, disse esperar que as reivindicações dos industriais "tenham forte impacto no Congresso e no Executivo".
Mudanças na economia
Os empresários vão pedir ao Executivo mudanças na política econômica visando incentivar as exportações, a queda nas taxas de juros e mais crédito -através da redução dos recolhimentos de depósitos compulsórios dos bancos.
Junto ao Congresso, os empresários vão exigir mais pressa nas reformas constitucionais.
Às 12h, o presidente Fernando Henrique Cardoso deve receber, no Palácio do Planalto, um documento com as reivindicações dos empresários.
Mario Bernardini, vice-presidente da Abimaq/Sindimaq, associação da indústria de máquinas e equipamentos, disse que os industriais querem um projeto de crescimento econômico e reformas.
A Fiesp entende que o Plano Real, a curto e médio prazos, não está ameaçado pela falta de reformas, porque a estabilidade pode ser mantida pelas âncora cambial e monetária.
'Inferno'
"O que não dá para manter é o desemprego em alta e o crescimento zero", disse Bernardini. "Defenderemos que o Executivo e o Legislativo deixem de esperar o paraíso e comecem a preparar o purgatório para nos tirar desse inferno."
Nélson Peixoto Freire, presidente da Abinee, associação dos produtos de eletroeletrônicos, disse que a manifestação é uma "gesto simbólico" para mostrar a validade das reformas. "Estamos deixando de ser competitivos, vendo aumentarem o desemprego e as importações", disse.
Como parte das manifestações, o prédio da Fiesp deverá ser coberto amanhã por uma bandeira do Brasil de 1.000 m2.

Texto Anterior: Roberto Campos lança 'Antologia do Bom Senso'
Próximo Texto: Fiesp e CNI lideram ação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.