São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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Editoras de livro didático vão à Justiça

DANIELA FALCÃO; LUCIA MARTINS
EDITORAS DE LIVRO DIDÁTICO VÃO À JUSTIÇA

DANIELA FALCÃO*
em São Paulo
Pelo menos duas editoras de livros didáticos deverão entrar na Justiça para evitar que suas obras sejam retiradas do catálogo que a FAE (Fundação de Assistência ao Estudante) distribui às escolas.
Durante um ano, uma comissão de 50 professores universitários analisou, a pedido do MEC, cerca de 500 livros didáticos que faziam parte do catálogo da FAE. Foram reprovados um terço dos livros.
O MEC (Ministério da Educação e do Desporto) decidiu que todas as obras que tinham defeitos seriam retiradas do catálogo.
A FAE é responsável pela elaboração do catálogo, que é enviado aos professores das escolas públicas para que escolham os livros que serão utilizados em 1997.
Jorge Yunes, 60, presidente do Ibep (Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas), afirmou que recorrerá à Justiça para não ter seus livros tirados da lista da FAE.
Yunes acusa o MEC de ter sido injusto com as editoras ao impedir que os livros com defeitos fossem corrigidos a tempo de serem incluídos no catálogo.
"A avaliação foi mais rígida do que a Inquisição porque não tivemos a chance de consertar os erros", disse Yunes.
O editor também reclama que os técnicos da FAE só deram cinco horas para que eles contestassem os erros detectados pela comissão.
"Não somos contra a avaliação, mas discordamos da maneira como ela foi feita. Me senti humilhado e injustiçado", afirmou Yunes.
A justificativa dada pelo MEC para explicar por que não permitiu que as editoras corrigissem os erros foi de que não havia tempo hábil para esperar as mudanças.
Desde o ano passado, o MEC vem se esforçando para entregar os livros às escolas antes do início das aulas. A espera pelas correções atrasaria o cronograma e poderia comprometer a distribuição.
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) não quis comentar ontem a reação das editoras de livros didáticos.
Hoje, ele promete divulgar a lista oficial dos títulos de livros com erros. "Nosso objetivo é melhorar a qualidade do material didático. Afinal, o governo tem o direito de comprar o livro que quiser", disse ontem em encontro com empresários em São Paulo (leia abaixo).
Além do Ibep, a editora Ática também não descarta a hipótese de tomar medidas legais contra o MEC para que suas obras não sejam retiradas do catálogo.
A Ática é uma das maiores editoras de obras didáticas e havia enviado 91 livros para serem avaliados pela comissão.
José Bantim Duarte, diretor editorial da Ática, afirmou que vai esperar o MEC entregar o laudo com os erros por escrito.
"Fomos convocados às pressas para uma reunião na sexta passada em que a FAE divulgaria quais livros tinham problemas. Só que o comunicado foi feito de forma oral e não pudemos nem tomar nota."

Colaborou Lucia Martins, da Reportagem Local

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