São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996 |
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'Segredos e Mentiras' é eleito o melhor filme
AMIR LABAKI
O melodrama sobre a reconciliação de uma família inglesa recebeu a Palma de Ouro e o prêmio de melhor atriz (Brenda Blethyn). Anteontem já havia ficado também com o prêmio da crítica. O júri presidido pelo diretor Francis Ford Coppola ("O Poderoso Chefão") privilegiou explicitamente representantes do chamado cinema humanista. É assim que o Grande Prêmio do Júri foi para outro melodrama, "Breaking The Waves" (Quebrando As Ondas), do dinamarquês Lars Von Trier, que trata do auto-sacríficio de uma jovem católica visando salvar a vida do marido tetraplégico. O prêmio de melhor ator foi dividido entre o par de intérpretes principais do irregular "Le Huitième Jour" (O Oitavo Dia) do belga Jaco van Dormal. O astro francês Daniel Auteuil reparte a honra com o belga Pascal Duquenne, um mongolóide que interpreta a si mesmo com talento e sem pieguismo. "Obrigado por apagar as diferenças", resumiu Auteuil. As duas maiores realizações cinematográficas do evento receberam prêmios secundários. Conceder apenas o de direção a Joel Coen por "Fargo" foi no mínimo atropelar a fundamental colaboração do irmão-roteirista Ethan. Não surpreende que "Crash" do canadense David Cronenberg tenha ficado apenas com o Prêmio Especial do Júri, "por sua audácia e sua inovação", segundo frisou Coppola, que lembrou ainda a divisão dos jurados frente a decisão. O prêmio de melhor roteiro para "Un Héros Très Discret" (Um Herói Discreto Demais), de Jacques Audiard, destaca o ponto fraco do filme, uma ficção sobre um impostor que se faz passar por líder da Resistência antinazista na França. A cerimônia de encerramento bateu o recorde de patetismo. A atriz Sabine Azema ("Smoking"/"No Smoking") era uma apresentadora perdida. Um dos prêmios para curta-metragem foi pulado. Coppola esqueceu o vencedor do prêmio do roteiro. Gong Li apresentou em chinês sem tradução o Grande Prêmio. O pior ficou para o fim. O filme de encerramento, "Flirting With Disaster" (Flertando com o Desastre) de David O. Russell, não passa de uma comédia subtelevisiva sobre as trapalhadas de um jovem pai que busca os próprios pais biológicos. Vão riscá-lo das histórias do festival. Texto Anterior: Curtas nacionais serão exibidos em escolas de segundo grau Próximo Texto: Vencedor nasceu de uma improvisação Índice |
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