São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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Críticas derrubaram ministros

DA REDAÇÃO

Os principais planos de estabilização econômica editados nos últimos anos acabaram provocando fortes críticas dos empresários, que resultaram na queda dos respectivos ministros da Fazenda.
O Plano Collor, editado em 16 de março de 1990, obteve de início forte apoio empresarial. Em abril daquele ano, porém, começam a surgir as primeiras reações contra a recessão que se iniciava.
Em 5 de novembro, Mário Amato, então presidente da Fiesp, faz duros ataques à política econômica da ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello.
"Foi quase uma cilada em que os empresários caíram. Todo mundo sabe que os empresários apoiaram o Collor e seu plano. Falou-se em inflação zero e juro baixo. Os empresários acreditaram, e a coisa deu errado", declara Amato.
Outros diretores da Fiesp também passam a atacar o governo. Carlos Eduardo Uchôa Fagundes, diretor do Departamento de Estatística, critica os juros: "Essa é a maior taxa de juros que já vi. As grandes empresas estão lutando contra a dificuldade da falta de capital, e a taxa acaba aumentando mais porque os empresários estão tendo de tomar dinheiro".
As críticas contra Zélia se avolumam. Em 31 de janeiro de 1991, a ministra edita o Plano Collor 2, com novo congelamento de preços. "Não dá mais para conviver com planos", diz Amato em fevereiro. Desgastada, Zélia deixa o governo em 8 de maio de 1991.
O Plano Cruzado, de fevereiro de 1986, foi o primeiro grande plano de estabilização: os preços são congelados por um ano, e os salários corrigidos pela média dos últimos seis meses.
O poder aquisitivo da população aumenta e, com isso, surgem sinais de desabastecimento. Mas os empresários mantêm o apoio ao governo até outubro. Em novembro, o ministro Dilson Funaro edita o Plano Cruzado 2, descongelando preços de produtos e serviços, mas se recusa a liberar todos os preços. Amato declara que, se o congelamento não terminasse, os empresários não teriam como obedecer às leis.
No dia 23 de março, o presidente José Sarney compareceu a um churrasco oferecido pelo empresário Matias Machline, que reuniu 24 dos maiores empresários do país. Todos criticaram a intervenção do Estado na economia e advertiram Sarney sobre os sinais de recessão. Um mês depois, no dia 23 de abril, Funaro se demite.

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