São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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BNDES entrou para 'dar força', diz Serra

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Planejamento, José Serra, disse ontem que o governo participou do leilão da Light como comprador, por intermédio do BNDES, porque considerou a Light um bom negócio e também "para dar força ao leilão".
Para Serra, afirmar que o governo precisou intervir para garantir o sucesso do leilão da Light é "uma análise a posteriori".
Segundo ele, quem faz a afirmação só poderia dizê-lo com certeza depois de terminado o leilão e encerradas, portanto, as ofertas pelos lotes de ações da empresa colocados à venda.
"Se o BNDES não tivesse entrado, acho que mesmo assim a privatização teria acontecido, mas, como entrou, alterou a disposição de outros participantes", afirmou.
Dívida
O ministro disse que o governo também teve interesse em participar do leilão porque existe uma dívida da Eletrobrás com o BNDES, que poderá ser equacionada.
Segundo Serra, o leilão "arrecadou 40% de tudo o que foi arrecadado nos leilões de privatização nos governos Collor e Itamar".
Segundo o ministro, as ações que permaneceram com o governo serão vendidas no futuro, "quando se valorizarem".
O presidente da Light, MacDowell Leite de Castro, afirmou esperar que a empresa, nas mãos da iniciativa privada, tenha mais condições de atender os setores carentes da população, já que terá mais possibilidades de investimento.
"Foi um verdadeiro milagre obtermos bons resultados na Light com o engessamento, a burocracia que havia. Agora a empresa terá outra agilidade", disse.
Gargalos
O presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, disse que a Eletrobrás vai aplicar os recursos obtidos com a venda da Light em investimentos de infra-estrutura no setor de energia.
"Mais importante do que ser dono de uma companhia distribuidora de energia do Rio é investir para resolver gargalos do setor."
Para Barros, a falta de definição sobre a regulamentação do setor elétrico no país desestimulou a participação de mais empresas.
Mas ele diz que a venda da Light vai estimular a vinda de novos investimentos. "Esse foi o grande mérito do leilão: a qualidade. Três empresas de grande porte compraram a Light e isso abre o mercado para que outras empresas venham para cá."

Colaborou a Sucursal de Brasília

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