São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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Brasil deve excluir Mercosul de restrição

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil deve abrir exceção para seus parceiros no Mercosul (Mercado Comum do Sul) nas restrições impostas às importações de produtos têxteis e confecções. O prazo de financiamento de importações desses produtos foi reduzido de 180 para 30 dias neste mês.
O virtual recuo se deve a pressões dos sócios do Brasil (Argentina, Paraguai e Uruguai), que ameaçam dificultar as negociações de acordos do Mercosul com o Chile e a Bolívia.
Ontem, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Guido Di Tella, esteve em Brasília para mostrar a insatisfação de seu país com a medida adotada pelo Brasil no início de maio.
"Vamos escutar a proposta brasileira primeiro", afirmou Di Tella à Folha, antes do almoço de trabalho com o ministro Luiz Felipe Lampreia no Itamaraty.
Duas horas depois, em entrevista a jornalistas brasileiros e argentinos, Lampreia declarou que o governo do Brasil tem o "propósito muito claro de chegar a um entendimento" para evitar restrições aos seus sócios no Mercosul.
Di Tella, entretanto, reforçou que seu país ainda espera uma "decisão em breve" do governo brasileiro. Mas disse não saber quanto tempo a palavra "breve" poderia significar.
Para a Argentina, a manutenção do prazo de financiamento para 30 dias significa a redução de US$ 90 milhões em exportações de produtos têxteis e de confecções para o Brasil -seu mercado preferencial no ano passado.
O prejuízo para o Uruguai, que está com as exportações desses produtos bloqueadas pela medida brasileira desde o início do mês, foi calculado em US$ 40 milhões anuais.
Negociadores dos quatro países do bloco devem começar hoje, em Buenos Aires, as discussões sobre o tema. A questão tomou conta da agenda da reunião mensal da Comissão de Comércio do Mercosul.
Lampreia afirmou que a equipe brasileira poderá ser reforçada, na próxima sexta, pelo subsecretário-geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior do Itamaraty, embaixador José Botafogo Gonçalves.
Nos meios diplomáticos, avaliava-se ontem que a confirmação da viagem de Botafogo à Argentina indica que as negociações não andam bem para o lado brasileiro.

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