São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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Chico Science busca maracatu psicodélico

PEDRO ALEXANDRE SANCHES

ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Banda que lançou o movimento Mangue Beat chega ao segundo disco, "Afrociberdelia"

A geração Mangue Beat chega à segunda rodada. Chico Science e Nação Zumbi lançam "Afrociberdelia", e Mundo Livre S/A publicou na semana passada "Guentando a Ôia".
Dão sequência assim ao movimento nascido em Recife (PE) e trazido a público em 1994, data de estréia das duas bandas em disco.
O conceito continua o mesmo: fusão de ritmos populares do Nordeste ao universalismo do pop e do rock, fusão antropofágica da miséria do mangue à sofisticação tecnológica das antenas parabólicas.
"Afrociberdelia" tem participações de Gilberto Gil, Marcelo D2 (do Planet Hemp) e Fred Zero Quatro (líder do Mundo Livre).
Leia a seguir trechos da entrevista de Chico Science à Folha.
Folha - "Afrociberdelia" é uma continuação do movimento Mangue Beat ou segue outra direção?
Science - O movimento Mangue Beat sempre será. Foi um marco, o pontapé inicial, e é o que a gente continua trabalhando. O núcleo que formamos como Mundo Livre S/A ficou meio arquivado, corremos cada qual para o seu lado, partimos para as missões.
Folha - Quais as semelhanças entre o Mangue Beat e o movimento tropicalista de 1968?
Science - Acho que é a atitude, de lançar seu próprio satélite, buscar a raiz, segurar os braços da cultura quando ela está afundando.
Folha - Este disco é mais raivoso que o primeiro, não é?
Science - Acho que porque o som agora saiu. A afrociberdelia é o mote: o afro da África, a cibernética da tecnologia, do acesso que o pobre pode ter à ela, e a psicodelia das nossas cores.
Folha - O computador está sempre presente no seu cotidiano?
Science - Não faz muito parte do meu cotidiano. Já naveguei uma vez pela Internet. Entrei, fuçei, olhei... Estamos em breve abrindo nossa home page. Falamos dessas coisas mais pela necessidade de que elas estejam no nosso dia-a-dia. Nós também temos direito de acesso à tecnologia. Isso não é facilitado pela incapacidade política do Brasil.
Folha - O maracatu foi o ritmo eleito desta vez?
Science - O maracatu é o berço do samba, é samba também. Nós temos o samba, então vamos trabalhar com ele. Afrociberdelia é a atitude de mostrar o maracatu, o som do brasil, de uma maneira mais moderna, mais inteligente, que consiga ecoar em outros cantos do mundo, para que o samba seja real e não virtual.
O jornalista Pedro Alexandre Sanches viajou a convite da gravadora Sony
Disco: Afrociberdelia Banda: Chico Science e Nação Zumbi Lançamento: Sony Preço: R$ 20, em média

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