São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Mundo Livre retrata violência do Brasil selvagem em novo CD "Guentando a Ôia" traz ritmo temperado com cavaquinho DANIELA ROCHA
"O conceito que trabalhamos para este CD é naturalismo e selvageria em formato pop", explica Fred Zero Quatro, vocalista e líder da banda. As letras também explicitam isso. Apesar de ser mais dançante -com cavaquinho em muitos arranjos-, a mensagem é pauleira. " 'Guentando a Ôia' traz a imagem do Brasil que não é nem o maquiado das novelas nem o falsificado dos camelódromos. É o Brasil daqueles que têm que sobreviver. É uma coisa meio selvagem, meio sangrenta. O galo da capa é o naturalismo versão anos 90", diz. O Mundo Livre manteve a diversidade de ritmos e batidas já registrado no CD "Samba Esquema Noise". "Guentando a Ôia" tem rock, pop, samba. O rótulo Mangue Beat, que identificava as bandas recifenses como Mundo Livre e Chico Science e Nação Zumbi, não é a bandeira de lançamento desta vez, mas o conceito e a atitude Mangue Beat não mudaram, segundo Zero Quatro. "Já falávamos desde o primeiro disco sobre cibernética misturada com idiotia, mas a temática urbana de periferia é um conceito que a gente continua usando." Evolução Uma diferença marcante na opinião do vocalista é o amadurecimento do grupo. "A gente está mais entrosado, se aparelhou melhor e está mais seguro", diz. A primeira faixa do novo CD, "Free World", é um abre-alas e espécie de carro-chefe do CD. "Antes de o disco ser lançado, esta música já foi muito comentada. Ficou com uma batida muito agradável", diz Zero Quatro. Em duas músicas, o Mundo Livre faz um resgate de fatos recentes da história do Brasil. "Desafiando Roma" relembra o massacre dos sem-terra de Corumbiara, em 9 de agosto de 1995, e "Militando na Contra-informação" reproduz a conversa do então ministro Rubens Ricupero captada por parabólicas em 1º de setembro de 94. "Acho que o povo perdeu a noção histórica das coisas. A memória das pessoas ficou nos 'Anos Rebeldes' da Globo", diz o vocalista. "Leonor" e "Roendo os Restos de Ronald Reagan" são músicas sequentes no disco e de ritmos opostos. Uma é só voz e cavaquinho, e a outra mostra o lado Sepultura do Mundo Livre. Chico Science participa na música "Destruindo a Camada de Ozônio". Apesar de serem amigos há muito tempo, este é o primeiro registro fonográfico em que os dois cantam juntos. Disco: Guentando a Ôia Banda: Mundo Livre S/A Lançamento: PolyGram Preço: R$ 20 (o CD, em média) Texto Anterior: Músicas indígenas compõem o show 'Ihu', até domingo em SP Próximo Texto: Banda forja a "neomúsica de protesto" Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |