São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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Para que estudar tanto?

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Marcha da indústria sobre Brasília, greve geral já convocada, assinalando a união da CUT e da Força Sindical, que amam odiar-se, funcionalismo ainda em greve, PFL e PSDB fazendo de conta que se entendem, embora cada qual leve um punhal às costas para cravar no inimigo-aliado.
É o fim do mundo, digo, do mundinho de Fernando Henrique Cardoso? Que nada. O presidente, como todo presidente, prefere acreditar nos seus "Joãozinho da Dagmar", os bruxos de turno encarregados das pesquisas, naturalmente positivas, que desmentem as pesquisas negativas publicadas pela mídia.
Em parte, o mundinho presidencial até que tem razão. O ambiente pesado que se vive não chega a ser nem sequer o prenúncio do fim do sonho, se se tomar o sonho como o projeto de reeleição.
Basta olhar para o outro lado da fronteira: Carlos Menem também enfrentou desemprego elevado, falências em catarata e nem por isso deixou de reeleger-se.
Como diz o senador Esperidião Amin, presidente nacional do PPB, a questão que se colocou na Argentina e que vale para o Brasil é simples: "Hay mejor?".
Se não há melhor ou, mais exatamente, se não parece haver melhor, ganha o que está lá, com todos os seus defeitos.
Bruxos e reeleição à parte, é inequívoco o sentimento de frustração em relação a FHC.
E, por falar em Menem, vale a seguinte comparação: FHC estudou tanto, se preparou tanto, leu tanto, lecionou tanto e, no entanto, acaba fazendo um governo igual ao de Menem, que, na sua primeira campanha presidencial (1989), foi capaz de dizer que o pedido de "sangue, suor e lágrimas" fora de um grande patriarca argentino (Nicolás de Avellaneda) e não de Winston Churchill.

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