São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 1996
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Editora diz que lista do MEC está errada

DANIELA FALCÃO; LUCIA MARTINS
EDITORA DIZ QUE LISTA DO MEC ESTÁ ERRADA

DANIELA FALCÃO
O presidente do Ibep e da editora Nacional, Jorge Yunes, 60, disse ontem que há erros na lista de livros didáticos aprovados pelo MEC.
Yunes contratou dois professores universitários da USP e da Unicamp para analisar quatro livros de ciências que receberam classificação duas estrelas do MEC (dada aos livros de melhor qualidade).
Um dos livros editados por Yunes, "Eu Gosto de Ciências - Programa de Saúde/4ª Série", foi reprovado porque foram encontrados 12 erros conceituais graves (leia texto ao lado). Ele ameaçou entrar na Justiça para que seus livros não fossem retirados do catálogo do MEC.
Os professores contratados por Yunes descobriram cerca de 30 erros nos quatro volumes da série "Ciências - Descobrindo o Ambiente", da editora Formato.
Ele ainda não sabe o que fará com o relatório. "Posso enviar ao MEC ou usá-lo para garantir meus direitos na Justiça", disse.
Entre os erros apontados por Yunes nos livros de ciências da Formato está a afirmação de que o céu é azul (volume 1). "Nem sempre é azul. Pode ser acinzentado, avermelhado", diz o relatório.
Yara Prado, secretária de Educação Fundamental (SEF) e responsável pela avaliação, afirmou que os livros aprovados pelo MEC não são infalíveis.
"Todos os excluídos tinham mais de dois erros sérios. Os que ficaram na lista são os melhores, mas isso não quer dizer que eles sejam perfeitos", afirmou Yara.
A SEF foi o órgão do MEC que coordenou a avaliação de conteúdo feita nos 464 livros de 1ª a 4ª série que haviam sido aprovados nas etapas anteriores da seleção (avaliação de forma e atualidade).
Yara Prado disse que, caso Yunes envie à SEF o relatório, o MEC se dispõe a debater com ele.
Suspeita
Yunes também afirmou que achava "estranho" que a coordenadora do processo de avaliação, Maria Alice Setúbal, fosse também autora de uma cartilha editada pela Formato e aprovada pelo MEC.
"Não posso afirmar que ela favoreceu a editora, mas não acho ético ela coordenar a avaliação."
A diretora do Cenpec (Centro de Maria Alice disse ontem que nunca houve favorecimento de nenhuma editora pesquisada. Segundo ela, além da Formato, tem livros publicados pela Ática e Cortez.
O vice-presidente da Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros), Wander Soares, disse que todas as acusações de Jorge Yunes são "despropositadas".
"As críticas não refletem a posição do resto das editoras." As editoras representadas pela Abrelivros dominam 94% do mercado de livros comprados pelo MEC.

Colaborou Lucia Martins, da Reportagem Local
LEIA MAIS sobre os livros na pág. 3-7

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