São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 1996
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Justiça pede prisão de depositário infiel

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor de execuções fiscais da Fazenda Pública da Capital divulgou ontem os decretos de prisão preventiva de 1.121 depositários infiéis. Os decretos de prisão foram expedidos pelo juiz Odmir Fernandes, da Fazenda Pública.
Os processos são referentes, em sua maioria, a dívidas declaradas (confessadas) e não-pagas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). No caso, os empresários cobraram o imposto dos consumidores mas não fizeram o recolhimento ao Estado.
Com o não-pagamento das dívidas, o devedor tem bens penhorados em valor igual ao do débito. Os bens continuam em poder do devedor, até que sejam levados a leilão para quitar o débito.
Entretanto, os devedores desaparecem com os bens que estavam sob sua guarda e responsabilidade, impedindo os leilões e o consequente pagamento da dívida. Assim, passam a depositários infiéis.
Prisão
O total da dívida desses 1.121 processos é de R$ 18,91 milhões. O menor débito é de R$ 100,72, referente à empresa Power Semicondutores Elétricos Ltda. O depositário que teve a prisão decretada é Marcelo Henrique da Cruz.
O maior débito -R$ 8,23 milhões- representa 43,5% da dívida de todos os processos. A dívida é da empresa Inceratex - Comércio, Indústria e Representações Ltda., sendo Manoel Francisco de Lima o depositário infiel.
O juiz Ricardo Cunha Chimenti informou que as prisões são decretadas por 90 dias. Se for preso, o depositário infiel tem três opções para que a prisão seja revogada: entregar o bem dado como garantia, depositar o valor do bem ou pagar a dívida.
Segundo Chimenti, quando os decretos de prisão são expedidos, cerca de 30% dos depositários infiéis vão à Fazenda Pública espontaneamente para quitar o débito. Depois, cerca de 15% dos depositários também pagam quando sentem que podem ser presos pelas polícias Civil e Federal e pelo Decon (Departamento Estadual de Polícia do Consumidor).
Entre 10% e 15% dos depositários são presos. Todos pagam a dívida, tanto que não há nenhum preso atualmente (os 90 dias de prisão valem para cada processo).
Arrecadação sobe
Chimenti informou que a ação da Fazenda Pública nos últimos meses fez com que aumentasse a arrecadação do ICMS dos débitos inscritos na dívida ativa.
Embora não apresentasse valores, o juiz disse que a arrecadação hoje é 11 vezes maior do que a de 1993. No primeiro trimestre deste ano a arrecadação subiu 18,5% em relação a igual período de 1995.
O coordenador da Administração Tributária da Fazenda, Clóvis Panzarini, informou que a arrecadação à vista dos débitos inscritos na dívida ativa corresponde a 0,4% do total do ICMS. Como em abril a arrecadação foi de R$ 1,305 bilhão, a dívida ativa representou cerca de R$ 5,2 milhões.
O setor de execuções fiscais tem hoje em andamento cerca de 1,35 milhão de processos. Destes, 1,13 milhão são do Município de São Paulo (ISS, IPTU etc.) e 220 mil são da Fazenda do Estado. Os débitos estaduais inscritos na dívida ativa somam cerca de R$ 4,5 bilhões, segundo Chimenti.

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