São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 1996
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Londres recebe drama de Wallace Shawn

TÂNIA MARQUES
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES

Pela primeira vez o Royal National Theatre monta um espetáculo do controvertido dramaturgo norte-americano Wallace Shawn.
"The Designated Mourner", que tem Miranda Richardson no único papel feminino, oferece ao espectador uma experiência distinta do que se está acostumado a esperar do teatro.
Para começar, o cenário, que permanecerá inalterado ao longo de duas horas, causaria menos estranhamento se o que estivesse por vir fosse uma palestra.
Acontece que o que vai se passar ali é um debate traduzido na história de vida dos personagens, e seu tema é o declínio do modelo de cultura alicerçado nas letras abrindo lugar a outro, baseado na experiência imediata dos sentidos.
Jack (diretor Mick Nichols, da versão norte-americana de "A Gaiola das Loucas") abre a sessão apresentando-se como "o escolhido para expressar o luto" a que o título da peça se refere. Jack é o marido de Judy, filha de Howard (David de Keyser), poeta e estudioso da obra de John Donne, expoente da chamada poesia metafísica do século 16.
Seu discurso a respeito do sogro, que ele acusa de arrogância intelectual e hipocondria, chega a ganhar a compaixão do espectador, que pode se sentir tentado a vê-lo como vítima desavisada de uma estrutura familiar doentia.
"The Designated Mourner" condiz bem com a evolução da obra de Shawn, que desde meados da década de 80 incorporou nuances políticas. O dramaturgo, que começou a escrever no final dos anos 60, quando estudava em Oxford, ganhou um Oble Ward em 1974 por "Our Late Night"", com direção de André Gregory.
Sua trilogia "A Thougt In Three Parts", da qual um episódio foi dirigido por Wilford Leach, ex-diretor artístico do cultuado La Mama, em Nova York, chocou os Estados Unidos em 1977. "A Thought in Three Parts" foi encenada no ICA, em Londres, no mesmo ano, horrorizando críticos e políticos conservadores.

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