São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 1996
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É DANDO QUE NÃO SE RECEBE

Aconteceu. Poucas horas depois de um pronunciamento presidencial em tom de desabafo e apelo em favor das reformas. No dia mesmo em que uma caravana empresarial de proporções inéditas foi a Brasília para, entre outras coisas, cobrar rapidez na aprovação das reformas. O governo foi derrotado no Congresso.
Foram três derrotas em destaques à reforma previdenciária. As corporações comemoram. Funcionários públicos e professores de universidades públicas tiveram privilégios assegurados. Perde a sociedade.
O sinal é péssimo. O que esperar da reforma administrativa, da reforma tributária ou mesmo dos outros destaques que ainda serão votados?
As derrotas ocorrem depois da criação de um ministério dedicado só à articulação política. Com distribuição de cargos, favores e verbas.
A negociação da reforma previdenciária continuará por várias semanas ainda, mas o cacife político do governo fica reduzido. Coloca-se na ordem do dia até mesmo a revisão de toda a estratégia política, nisso incluindo a prioridade hoje conferida a essas batalhas constitucionais que custam tanto ao Tesouro e rendem tão pouco em mudanças de peso.
É hora de fazer uma análise custo-benefício objetiva e fria. De rever a agenda. E de interromper de forma absoluta o "é dando que se recebe" ensaiado nas últimas semanas.
O governo foi atropelado por um Congresso insensível, para dizer o mínimo. Pelo andar da carruagem, quanto mais o governo dá aos políticos, menos recebe, e mais tira de toda a sociedade.

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