São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996
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Congresso traz novidade para os cegos

Deficientes visuais podem acessar Internet

DA REPORTAGEM LOCAL

O 1º Congresso Internacional de Dirigentes e Profissionais de Produção Braile, que termina hoje em São Paulo, traz novidades para portadores de deficiência visual.
O simpósio, que acontece no Centro de Convenções Rebouças e é promovido pela Fundação Dorina Nowill para Cegos, apresentou uma impressora de última geração que é capaz de imprimir um texto em braile nos dois lados de uma folha ao mesmo tempo e ainda "conversar" com o usuário cego.
O equipamento possui um sistema que emite voz toda vez que uma tecla da impressora é apertada, informando a sua função.
Outra novidade é o Dosvox, um programa de computador específico para deficientes visuais.
Desenvolvido por Antonio Borges, do Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o sistema transforma o texto em fala.
O cego consegue manusear o computador porque toda tecla que aperta emite som em português, informando a letra acionada.
Por meio desse sistema, o deficiente visual pode escrever e ler textos, imprimir em braile e se conectar, via Internet, à Rende (Rede Nacional de Comunicação entre Portadores de Deficiência).
Dorina Nowill, presidente da fundação homônima, diz que o cerca de 1,5 milhão de brasileiros que possui alguma deficiência visual não tem o devido acesso às produções em braile.
Segundo ela, o país conta hoje com dois centros de impressão em braile. "Precisaríamos que todos os Estados tivessem uma imprensa braile", afirmou Nowill.
Segundo o diretor da Biblioteca para Cegos da Argentina, Mariano Godachevich, a Argentina está desenvolvendo um programa de difusão da produção do braile.
"Hoje, 65 escolas públicas possuem seus próprios equipamentos para transformar livros didáticos em braile. O investimento foi de R$ 150 mil", disse Godachevich.
A especialista em informática australiana Gunela Astbrink afirmou que em seu país o governo fornece recursos financeiros para organizações particulares instalarem centros de produção de braile.
"Praticamente toda biblioteca pública possui computadores com acesso à Internet, e o usuário cego dispõe de programa para utilizar o sistema de comunicação", disse.

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