São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996
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Recado para Maguila

WILSON BALDINI JR.

No início da década de 30, o ditador italiano Benito Mussolini necessitava de um "carro-chefe" no esporte para expandir o fascismo. O escolhido foi um jovem da pequena cidade de Sequals, que, aos 17, já assombrava as pessoas com seus quase dois metros de altura.
Fortíssimo, bom caráter, carismático e ingênuo. Era o tipo ideal para ser fisgado.
Com a retaguarda fascista e o apoio de empresários (norte-americanos, veja só!), Primo Carnera conseguiu chegar ao título dos pesos-pesados.
Uma carreira forjada que durou apenas o quanto quiseram os "sanguessugas".
Carnera acabou sendo massacrado por Max Baer, em 1934, um ano após ficar com o cinturão, numa das maiores surras do boxe.
Esperto, ele passou para a luta livre, algo que deveria ter sido feito desde o início. Num mundo de brincadeiras, seu jeitão atrapalhado passou a ser o número mais visto. Trabalho que rendeu a ele US$ 1 milhão.
Sessenta anos depois, algo parecido acontece. Ninguém mais aguenta as lutas de Maguila. Só ele, que recebe um bom dinheiro pelo seu trabalho (cerca de R$ 30 mil por luta), e seus empresários.
Maguila faz parte da história do boxe brasileiro. Bem ou mal, chegou a lutar com Evander Holyfield e George Foreman. É verdade que, no final, chegou a dar dó, mas ele mostrou que tem dignidade.
Maguila, não deixe todo seu passado ser jogado no lixo.
Lute com adversários de valor. E vai aí a lista de pretendentes ao seu "título mundial" da Federação Mundial: Tim Whitherspoon, Alexander Zolkin e Henry Akinwande.
Ou, então, assuma seu lado carismático e faça de suas lutas um evento do "Beto Carrero World". Já imaginaram: Maguila contra Godzilla ou contra o Gigantesco Urso Branco. Chamará mais a atenção. Faça como Carnera.

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