São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996 |
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'Quero Dizer' tenta imitar comédia clássica
INÁCIO ARAUJO
A maior (talvez única) vantagem dessa moda tem sido nos assegurar da grandeza da era clássica. Desta vez, estamos às voltas com Art (Banderas) um dono de galeria picareta e bonitão. Numa de suas incursões para empurrar quadros a incautos, Art tromba com Betty (Griffith), loura louquinha que, dois minutos depois, decide casar com ele. Art, porém, apaixona-se por Liz (Hannah), irmã de Betty que o despreza solenemente. Disposto a conquistá-la, Art forja um irmão gêmeo, Bart, que é pintor, intelectual, enfim essas coisas que seduzem Liz. Para preservar esse triângulo amoroso a quatro, Art corre, telefona, mente, prende e solta os cabelos, põe e tira os óculos. Os problemas que afetam esta comédia são de várias ordens. Primeiro, Banderas não é nenhum Cary Grant. Verdade seja dita, Melanie Griffith não faz sombra a seu atual marido: está apagadíssima. O segundo problema é de roteiro. É possível sustentar com graça durante algum tempo um jogo de enganos como o proposto pelo filme. Não durante todo o tempo. Se a proposição é simpática, falta um texto com imaginação à altura dos anos 30/40 para sustentar o pique do começo ao fim. Do jeito que está ficou simpático, por vezes engraçado. Mas as soluções tornam-se fáceis, à medida que o final se aproxima, e o filme engasga. Por fim, a comédia exige precisão, numa escala quase diabólica, quando se trata da mise-en-scène propriamente dita: colocar a câmera, regrar os tempos, controlar a evolução, são operações bem delicadas, no caso. Nesse aspecto, Fernando Trueba se mostra apenas aproximativo. Quer imitar os mestres; não chega a tanto. Filme: Quero Dizer que Te Amo Produção: EUA, 1995 Direção: Fernando Trueba Com: Antonio Banderas, Melanie Griffith, Daryl Hannah, Danny Aiello, Joan Cusack Quando: a partir de hoje nos cines Liberty, Iguatemi 1, Eldorado 5 e 6 e circuito Texto Anterior: Trilha é de Cavalcanti Próximo Texto: "Othello" é Shakespeare atualizado Índice |
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