São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996
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Los Lobos querem ir além de "La Bamba"

ALESSANDRA BLANCO
DA REVISTA DA FOLHA

Os "chicanos" Los Lobos chegam ao Brasil na próxima semana, pela primeira vez, para dar um toque latino ao Nescafé & Blues 96, com duas apresentações: no Rio e em São Paulo.
Eles já haviam sido convidados para tocar no país no final dos anos 80, quando estouraram com o sucesso "La Bamba".
Não vieram porque não tinham dinheiro, nem estrutura para viajar. "Nosso contrato com a Warner previa a distribuição de nossos discos apenas nos EUA. Não tínhamos uma distribuição internacional e não podíamos viajar", disse o baterista da banda à Folha, Louie Perez, por telefone, de Nova York.
Isso mudou no final do ano passado. Eles participaram da trilha sonora do filme "A Balada do Pistoleiro", com Antonio Banderas, ficaram mais famosos, e ganharam contrato com distribuição internacional. O último disco, "Colossal Head", acaba de ser lançado no Brasil. Leia a seguir a entrevista com Louie Perez.
*
Folha - Como devem ser os shows no Rio e em São Paulo?
Louie Perez - Os shows têm mais de duas horas e incluem músicas de todos discos, mas com ênfase em "Colossal Head". Provavelmente vamos tocar "La Bamba". Não temos tocado muito ultimamente, mas é um novo lugar.
Folha - Você considera Los Lobos uma banda "alternativa"?
Perez - Eu diria que nossa música não faz parte dos tops de sucessos comerciais. Mas acho que é bastante popular. Quem tem a oportunidade de ouvir gosta.
Folha - Por que após o sucesso de "La Bamba" vocês não buscaram um caminho mais comercial?
PerezAntes de "La Bamba", já tínhamos três discos e gostávamos deles. Com "La Bamba", tivemos um estrondoso sucesso. Chegamos a pensar que não voltaríamos a tocar o que tocávamos antes, que gostaríamos de ser "big stars", mas isso não aconteceu.
Folha - Há quem diga que vocês não querem ficar milionários.
Perez - Todo mundo quer ser um "big star", nós também, mas do nosso jeito. Não queremos fazer música comercial, não queremos nos comprometer.
Folha - Que nome vocês dão à música que fazem?
Perez -Não é tex-mex porque não somos nem do Texas, nem do México, somos de Los Angeles. Nós tocamos música americana, com influências mexicanas. Temos uma entonação de todos os diferentes tipos de música tradicional, inclusive blues.
Folha - Vocês foram a primeira banda latina a fazer sucesso nos EUA. Como foi no começo?
Perez - Infelizmente ainda somos a única latina a fazer sucesso nos EUA. Mas tempo é tudo. Nós viemos à cena na América quando a música alternativa, bandas como os Blasters, tinha espaço.
Folha - Vamos falar do novo disco. O que há de diferente?
Perez - Tem mais base de guitarra, é mais simples. Ainda usamos instrumentos diferentes, o próprio guitarrón, acordeão, o bajo sexto. Mas há muitos instrumentos tradicionais também que usamos de uma maneira moderna.

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