São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996
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Rio aguarda as luzes de Eugène Boudin

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA, centro do Rio) prepara um aperitivo para os apreciadores do impressionismo. Enquanto aguarda a vinda de uma exposição com obras de Claude Monet, prevista para março de 97, o museu exibirá trabalhos do pintor francês Eugène Boudin (1824-1898) a partir de 12 de junho.
"E. Boudin - Prelúdios do Impressionismo" mostra em 92 quadros a obra do artista que iniciou Monet (1840-1926) na pintura de paisagens -um tipo de pintura considerado secundário na época.
Boudin foge dos padrões de pintura vigentes no século passado e dá destaque às variações de iluminação das cenas que pinta. Por isso, é considerado um dos precursores do impressionismo.
"Boudin influenciou todos os impressionistas, em especial Monet. Esta exposição é uma espécie de curso introdutório para a mostra do ano que vem", explica a diretora do MNBA, Heloísa Lustosa.
Em 1874, o pintor participou da primeira exposição dedicada ao então nascente movimento impressionista, mas em sua última fase mostra sinais de ter deixado de lado o movimento.
Parte das obras que serão expostas no Rio apontam para uma nova direção -o abstracionismo. Do total de 92 obras -entre aquarelas, desenhos e óleos sobre papel- vinte pertencem ao acervo do MNBA e o restante foi cedido por museus franceses.
A maior parte vem do Louvre: 35 desenhos, que jamais haviam saído do museu, foram emprestados para a exposição no Rio.
Outros 25 museus franceses cederam trabalhos para a mostra, que fica no MNBA de 12 de junho a 6 de agosto. "Nunca tantos museus franceses cederam obras para uma exposição no Brasil", diz Heloísa Lustosa.
Ambientação
Os quadros de Boudin têm pequenas dimensões. Por isso, a sala Bernardelli (onde as obras ficarão) receberá um tratamento especial. Tecidos serão usados para dar um efeito de rebaixamento no teto. Uma iluminação especial está sendo preparada.
"As pessoas se empolgam com o tamanho dos quadros. Por isso é preciso criar uma ambientação adequada para que os quadros de pequeno porte não pareçam perdidos na sala", diz a diretora.
A grande novidade será um trabalho de ambientação para aproximar os visitantes do clima da época vivida por Boudin, que tinha nos cenários das praias francesas o principal tema de suas obras.
Na entrada da sala Bernardelli, serão montadas tendas como as que os franceses usavam no século passado para trocar de roupa ao chegar à praia. Um carpete, em tons de areia, acompanhará o clima. O cuidado com a montagem inclui também uma trilha sonora: ao fundo, o visitante ouvirá ruídos de ondas do mar.
A montagem da exposição Boudin está orçada em cerca de R$ 150 mil. Deste total, R$ 60 mil foram pagos pelo Ministério da Cultura e pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio. O restante vem de recursos do governo francês.

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