São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996
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Médicos alertam para perigo das drogas naturais

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

Para o médico Anthony Wong, é pouco provável que drogas com a composição do Xphoria sejam realmente extraídas apenas de produtos naturais.
No estômago do rapaz morto na Califórnia, foram encontradas as substâncias efedrina, pseudoefedrina, fenilpropanolamina e cafeína. Wong afirma que tais substâncias, todas estimulantes, não estão presentes em quantidades elevadas em plantas.
"A efedrina não é encontrada naturalmente em altas concentrações. No esporte, ela é considerada dopping, o comitê olímpico proíbe. Deve se tratar de uma base natural acrescida de estimulantes artificiais", diz.
O médico atenta para o componente fenilpropanolamina. "É uma anfetamina, mais conhecida como bolinha, que tem efeito estimulante e pode ser responsável por algum efeito alucinógeno parecido com o do ecstasy", diz.
A morte do estudante americano, segundo ele, provavelmente aconteceu pela soma de efeitos estimulantes das substâncias a ponto de provocar parada cardíaca.
FDA
Após a morte na Califórnia, o FDA (Food and Drugs Administration), órgão responsável pelo controle de medicamentos e alimentos nos EUA, se pronunciou sobre o ecstasy natural.
"Quando um jovem de 20 anos morre por usar um produto como esse, algo está muito errado. Precisamos ter certeza de que não vai acontecer novamente", afirmou David Kessler, do FDA, à revista "Newsweek".
As variantes naturais do ecstasy prometem, em suas propagandas, uma "maior visão interior", "sensações sexuais" e "consciência cósmica".
Elas se inserem num mercado que movimenta US$ 6 bilhões anuais e cresce cerca de 20% por ano nos EUA.
O inglês Nicholas Saunders, principal pesquisador do ecstasy no mundo -ele lançou, em 1993, o livro "E Is for Ecstasy"-, escreveu artigo sobre as variantes naturais.
Segundo ele, nenhuma dessas drogas causa o efeito "emocionante" do ecstasy.
Ele ressalta o fato de que a legalidade dessas drogas não significa que elas sejam seguras.
No Brasil
Segundo Sônia Gil, diretora da divisão de produtos do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, não há nenhuma notícia da presença dessas drogas em farmácias brasileiras.
Nos EUA, são comuns em farmácias, sex shops e supermercados. São vendidas também por correspondência ou pela Internet.
(PAS)

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