São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996
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Eleição põe Israel em alerta máximo

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM

A apenas cinco dias da eleição que é considerada a mais importante dos 48 anos de história de Israel, o país entrou em estado de alerta máximo.
É uma medida preventiva para evitar que um eleitor não inscrito (o terrorismo) acabe por ser determinante para os resultados da votação de quarta-feira.
Um atentado terrorista, como os de fevereiro e março, seria potencialmente um desastre para o governo do premiê trabalhista Shimon Peres, candidato à reeleição, e um impulso eventualmente decisivo para o candidato direitista, Binyamin Netanyahu, do Likud.
O mais popular jornal israelense, o "Yedioth Ahronot", chega a dizer que o estado de alerta "é o mais alto desde o estabelecimento do Estado de Israel".
É um dado eloquente, se se considerar que Israel já passou por pelo menos três guerras, desde a criação, em 1948.
Nem todos os detalhes do estado de alerta são divulgados, é óbvio. Mas já se sabe que, domingo ou no máximo segunda-feira, será imposto o mais completo bloqueio dos territórios palestinos, tidos como santuários para terroristas.
Proibição
Nem os jornalistas palestinos que deveriam cobrir a eleição estão sendo autorizados a entrar, queixa-se o Sindicato Palestino do Audiovisual, que reúne mais de 60 jornalistas de rádio e TV.
As forças de segurança colocarão nas ruas cerca de 20 mil policiais e soldados só para proteger os 6.714 colégios eleitorais. É um número sem precedentes, admite Assaf Hefetz, inspetor-geral da polícia.
"São eleições ultra-sensíveis, tanto por causa do processo de paz como por causa de informes sobre planos para promover operações terroristas", explica Hefetz.
Suspeitas
Os informes sobre ameaças de atentados são, aliás, abundantes.
Começaram com um relatório da CIA, o serviço norte-americano de inteligência, que assegura que o Irã "está pressionando seus agentes no Oriente Médio para que promovam atos de terrorismo nas vésperas da eleição".
Tanto o secretário norte-americano de Estado, Warren Christopher, como o premiê Peres avalizaram depois essa informação.
A suspeita só foi reforçada pelo fato de as forças palestinas de segurança terem prendido, na faixa de Gaza, cerca de 70 suspeitos de estarem preparando atentados não só contra alvos israelenses, mas também contra Iasser Arafat, o presidente palestino.
O próprio chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, Amnon Shahak, alertou o gabinete, no final de semana, para o fato de que "grupos terroristas islâmicos estão planejando uma série de ataques em massa, com o objetivo de matar o maior número possível de israelenses".
Hassan Salameh, tido como o segundo grande perito em bombas dos fundamentalistas islâmicos do Hamas, ferido e preso em Hebron, teria dito a seus interrogadores:
"Pretendemos fazer ataques contra objetivos militares, como sequestrar soldados, no período eleitoral". Salameh é tido como o sucessor do "Engenheiro", morto em janeiro passado pelo serviço secreto israelense.
Por fim, há o fato de que Hassin Makdad, morto em um hotel de Jerusalém Oriental por uma bomba que preparava, tinha, no seu quarto, fotos de alvos espetaculares.
Vão desde a praça em frente ao Muro das Lamentações, o mais sagrado local do judaísmo, até o centro comercial Dizengoff, o mais movimentado de Tel Aviv.

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