São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996 |
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Aids ganha diagnóstico mais preciso
DA REPORTAGEM LOCAL Pesquisadores norte-americanos descobriram que a quantidade de vírus HIV no organismo indica a velocidade do desenvolvimento da doença e a eficácia de medicamentos contra a Aids. Os resultados da pesquisa estão sendo publicados hoje na revista "Science"."O desenvolvimento da Aids pode ser comparado a um trem que caminha para um desastre. A contagem de vírus indica a velocidade com a qual o trem se encaminha para a catástrofe", diz o pesquisador David Ho. Atualmente, o prognóstico sobre o desenvolvimento da doença é feito pela contagem de um certo tipo de células de defesa do organismo, os linfócitos CD-4. Esse tipo de célula é o alvo preferido do HIV. Quando o número de CD-4 está muito baixo, o organismo torna-se incapaz de se defender de infecções -é o sinal de que a Aids se manifestou. Com o método, descobriu-se que pessoas infectadas pelo HIV e que possuem um número normal de CD-4 podem estar correndo o risco de desenvolver a doença em pouco tempo e mesmo de morrer. Cientistas liderados John Mellors, da Universidade de Pittsburgh (EUA), acompanharam homens homossexuais e bissexuais durante mais de 11 anos. Os resultados mostraram, por exemplo, que dos pacientes com menos de 4.350 vírus por mililitro de sangue, 8% desenvolveram a doença depois de cinco anos. Entre aqueles que tinham mais de 36.270 cópias do HIV, 62% ficaram doentes no mesmo período. Os pesquisadores também verificaram que o risco de morte aumenta 55% toda vez que o número de vírus triplica. "A utilidade da medida da carga viral é agora inequívoca", diz Ho. Segundo o cientista, a quantidade de vírus no sangue, chamada de "carga viral", é o melhor marcador para a doença, um sinalizador que indica se o paciente está prestes a desenvolver a Aids. Aplicações Outra das aplicações da medida da quantidade de HIV é nos tratamentos contra a doença. O método permite medir a eficácia de medicamentos em destruir o vírus. Segundo Ho, testes mostraram que uma redução de 90% da quantidade de vírus levou a uma queda de 50% na taxa de mortalidade. Estudos recentes com a droga ritonavir, administrada em pacientes em estágio avançado de Aids, mostraram que o medicamento reduziu em cerca de 30% a 6% a quantidade de vírus, por um período de 16 semanas. A taxa de mortalidade caiu 45%. O ritonavir faz parte de um grupo de drogas chamadas de inibidores de protease. Elas evitam o "amadurecimento" do HIV e o impedem de se reproduzir bem. Texto Anterior: Votação na Caxemira tem baixa abstenção Próximo Texto: Governo diz controlar capital centro-africana; General espanhol é preso por 'guerra suja'; Norte-coreano desertor receberá recompensa Índice |
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