São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Lances poderão voltar aos consórcios

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O BC (Banco Central) estuda uma série de medidas para flexibilizar o crédito. As mudanças envolvem desde a volta do lance para os grupos de consórcio de automóveis, passando pelo cartão de crédito, até a liberação dos bancos para realização de operações de crédito garantidas por cheque.
As mudanças serão graduais, observando-se o comportamento do mercado e do consumo. A tendência dentro do governo é liberar cada item de uma vez para não provocar forte impacto no mercado.
Algumas das medidas podem ser anunciadas na próxima reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), na próxima quarta-feira, dia 29. Uma delas é a permissão para que as instituições financeiras voltem a negociar "commercial papers", um tipo especial de nota promissória lançada no mercado por sociedades anônimas.
Essas operações estão proibidas desde 27 de abril de 1995. Foi uma forma de estancar os recursos disponíveis no mercado. Os "commercial papers" podem ser comercializados em oferta pública e em bancos.
É um empréstimo alternativo que beneficia principalmente as médias e grandes empresas por meio da emissão de um título de crédito que serve para captação de recursos de forma mais rápida.
Consórcios
A volta do lance nos consórcios de automóveis e a redução do prazo mínimo de 50 meses para formação de grupos são mudanças que podem ser anunciadas nos próximos dias.
A liberação dos lances para grupos de eletrodomésticos e eletroeletrônicos também está em estudo a pedido das empresas do setor.
A proposta mais viável é que primeiro sejam liberados do prazo mínimo os grupos interessados em carros não-populares, que apresentam maior dificuldade para venda.
A segunda opção seria deixar os consórcios de não-populares com prazo de 24 meses e acompanhar o comportamento da demanda.
Segundo apurou a Folha, depois disso o governo pode liberar, também de forma gradual, a formação dos grupos de consórcio dos modelos populares.
Cartões e cheques
Mudança no crédito rotativo dos cartões de crédito pode ser anunciada na próxima reunião do CMN. A idéia é reduzir de 50% para 20% ou 30% o valor mínimo exigido no pagamento de cada fatura no sistema rotativo.
A possibilidade da autorização para que os bancos voltem a realizar operações de crédito garantidas por cheques e em desconto (quando o cheque faz o papel de duplicata e fica em carteira para desconto na data acertada) tem gerado polêmica dentro da equipe econômica, mas é uma decisão que não está descartada. Cheque é considerado depósito à vista.
As empresas de factoring, que hoje podem captar somente recursos no exterior, estão reivindicando que a abertura do crédito também atinja o setor.

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