São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Testas-de-ferro

JUCA KFOURI

A Federação Paulista de Futebol anuncia sua intenção de terceirizar a exploração comercial do estadual de 97. Se o fizer, estará agindo dentro dos mais modernos moldes de gestão do esporte mundial.
A FPF quer, antes de mais nada, tentar salvar o seu campeonato, convencida de que o simpósio que a CBF organizará em junho concluirá pela drástica diminuição do espaço dos estaduais no calendário nacional, coisa que já deveria ter sido feita, no mínimo, há 20 anos.
Não será surpresa se, por sinal, o simpósio redundar na fundação de uma liga nacional dos clubes de futebol, a exemplo do que acontece com o vôlei e o basquete. Tudo porque, finalmente, Ricardo Teixeira descobriu que pode sobreviver sem o apoio das federações, embora prefira não trombar com elas, tal é o receio de que, numa eventual briga de comadres, venham à luz muitas verdades.
Daí o esforço da FPF em sair na frente com sua proposta de terceirização, prometendo garantir a um clube como o Corinthians, por exemplo, R$ 200 mil por jogo no Paulistão, uma quantia nada desprezível nas condições atuais, embora irrisória diante do potencial de um verdadeiro Campeonato Brasileiro disputado ao longo da temporada e com apenas 16 clubes.
Também está claro para a FPF que o dinheiro em jogo pode ser tão grande que os pequenos golpes não compensam mais. Evasão de renda, fundos misteriosos como esse de amparo aos árbitros, nebulosas comissões aqui ou ali, caixa dois, mordidas em empresas de material esportivo ou seguradoras, nada disso se compara ao que pode render uma gestão realmente profissional do negócio do futebol.
A questão é saber como se dará o processo de escolha da empresa.
O modelo é a Fifa e sua agência ISL, objeto da coluna de amanhã, tamanha é a falta de transparência que vem sendo constatada na relação entre ambas numa série de reportagens do jornal inglês, bíblia da economia mundial, "Financial Times".
Aqui no Brasil -e na América do Sul por ingerência direta de João Havelange junto à Confederação Sul-Americana-, quem faz o papel da ISL é a Traffic. Nome mais que provável para ser a empresa contratada pela FPF, desde que não dê certo a estratégia da CBF no sentido de se afastar das federações, já que o compromisso maior de J. Hawilla, dono da Traffic, é, desde sempre, com Ricardo Teixeira.

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