São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Viagem de FHC incrementa comércio

ANTONIO CARLOS SEIDL

ANTONIO CARLOS SEIDL; DANIELA PINHEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Transações cresceram 37% em 95, mas volume ainda é considerado pequeno pelos dois países

DANIELA PINHEIRO
A viagem que o presidente Fernando Henrique Cardoso inicia hoje à França -embarca às 7h- deve reforçar a perspectiva de melhor relacionamento comercial entre os dois países em 96.
A maior parte da agenda de FHC em Paris registra encontros com empresários e investidores franceses. Mesmo tendo crescido 37% em 95, o fluxo comercial (exportações e importações) de US$ 2,4 bilhões entre Brasil e França ainda é considerado pequeno.
A França teve um superávit comercial no comércio bilateral com o Brasil de US$ 348 milhões no ano passado, o primeiro depois de muitos anos.
A entrada de automóveis franceses no Brasil, principalmente das marcas Citroen e Renault, beneficiada pela política de abertura comercial, foi a principal responsável por esse superávit.
A França é o sexto maior investidor no Brasil, depois dos EUA, Alemanha, Reino Unido, Japão e Suíça, com investimentos de US$ 5,5 bilhões (5,3% do total).
Avaliação
Os empresários e diplomatas franceses sustentam seu otimismo com os seguintes exemplos:
1) As visitas dos ministros franceses Yves Galland (Comércio Exterior) e Bernard Pons (Infra-estrutura) ao Brasil neste ano;
2) A decisão da Renault de instalar uma montadora de automóveis no Paraná, com investimento de US$ 1 bilhão;
3) A compra da Light por um consórcio liderado pela estatal EDF (Eletricité de France);
4) O pagamento, na semana passada, pelo governo brasileiro de dívida de US$ 200 milhões de empresas estatais brasileiras do setor elétrico com bancos e financeiras franceses;
5) A realização da exposição "França 2000", o maior evento comercial e industrial organizado pela França em 96, de 1º a 6 de outubro, em São Paulo.
Investimentos
Nos últimos seis meses, pelo menos 15 grupos abriram negociações para estender suas atividades ao Brasil nos setores automobilístico, de turismo, telecomunicações, siderurgia, eletricidade, agroindústria e bancário.
Antônio Alberto Gouvêa Vieira, vice-presidente da Câmara de Comércio França-Brasil, diz que os franceses estão especialmente interessados na área de infra-estrutura. Querem participar das licitações na concessão de serviços nos setores de energia elétrica, telecomunicações, saneamento, águas e esgotos e aeroespacial.
Gouvêa Vieira diz que a entrada da EDF no Brasil vai abir caminho para um novo fluxo de investimentos diretos franceses no Brasil.
"O Brasil está virando moda entre os investidores franceses", diz.
Na década de 70, a França foi um dos países que mais investiram no Brasil. Desde então, a curva de interesse é decrescente. Em 87, significava 27% do estoque de capitais aplicados. Em 90, era de 7%. Quatro anos depois, 2,3%.
"Vai haver um pico daqui para frente. Hoje, o Brasil é um mercado seguro, que queremos recuperar", afirma Philippe Richadot, encarregado de negócios da Câmara de Comércio Brasil-França.
Para o adido comercial da Embaixada da França, Dominique Simon, os franceses terão êxito na participação nos programas de privatização e construção de rodovias. "Temos grande experiência nessa área. São 350 km de novas auto-estradas por ano."
Durante a visita de FHC, a França anuncia o fim da exigência de visto para turistas brasileiros.

Texto Anterior: Secretário rebate críticas
Próximo Texto: Renault foi 1ª a anunciar vinda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.