São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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NA PONTA DA LÍNGUA

MARCELO LEITE

Devo um pedido de desculpas aos leitores. A coluna do último dia 5 continha uma enormidade para a qual não tenho explicação: "Mais mal ainda fica a Redação da Folha quando se conhece o compromisso...". O certo, como sabe qualquer pessoa medianamente versada em português, seria "Pior ainda fica...".
O leitor Jorge Roberto Laborda, que alertou sobre o erro em fax do dia 16, até que foi simpático. Contou que buscou nas gramáticas -inutilmente, é claro- uma justificativa para a malfadada expressão e que, desde então, uma dúvida o perseguia: "A busca foi mal feita ou houve da parte do prezado jornalista um tipo de escorregão vernacular a que todos estamos sujeitos?"
"Escorregão" é bondade do leitor, se não for ironia. Não conheço, porém, outra forma de desfazer o constrangimento além de seguir a máxima que manda fazer da necessidade (reconhecer o erro) uma virtude (aprender e ensinar, a partir dele).
No caso, parece útil indicar que há uma confusão mais comum, e de certa forma simétrica, entre "mais mal" (ou "mais bem") e "pior" (ou "melhor"). As gramáticas recomendam que a forma "mais mal/bem" seja usada, preferencialmente, com adjetivos e particípios. Por exemplo:
"A construção do ombudsman é mais mal-ajambrada do que as que ele costuma criticar" (e não "pior ajambrada").
Como você pode notar, não há nenhum adjetivo ou particípio para servir de álibi na frase da coluna de 5 de maio. Tanto pior.

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