São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996 |
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Salário de gerentes de loja aumenta 25%
MÁRCIA DE CHIARA
Na pesquisa, realizada em agosto de 1995, foram ouvidas sete empresas do varejo e sete consultorias especializadas em recrutar e selecionar profissionais. O objetivo do estudo da USP foi traçar o perfil do executivo do novo varejo. "Essa significativa valorização dos salários do primeiro e segundo escalões das lojas começou muito antes da edição do Plano Real", diz o consultor José Augusto Silveira, coordenador da pesquisa sobre o setor brasileiro de varejo. Segundo Silveira, o aumento real de salários -acima da inflação- foi desencadeado a partir de 1990, com a abertura da economia brasileira, ainda no governo Collor, e a chegada dos produtos importados ao país. É que, para comercializar esses produtos, as lojas tiveram de passar a contratar gerentes e diretores mais qualificados para fechar negócios no exterior. Concorrência acirrada "Abertura comercial passou a exigir um executivo com fluência em inglês e espanhol e com conhecimentos de informática." A velocidade de ganho real de salário, diz o consultor, se acelerou mais recentemente com a entrada de grandes redes internacionais no varejo brasileiro (como foi o caso da Wal-Mart) e a estabilização dos índices de inflação. Esses fatores, combinados, acirraram a concorrência entre as lojas. Resultado: os salários desses profissionais acabaram se valorizando ainda mais. Fama que acaba A fama do varejo de pagar mal está acabando, diz Paulo Fernandes, sócio-diretor da Lojas Paraíso, uma rede de 34 lojas que revende eletrodomésticos na região Nordeste do país. Ele confirma o crescimento real dos salários dos dirigentes de lojas e diz que o percentual de 25% de aumento nos rendimentos desses executivos é recorde. Segundo Fernandes, os salários dos gerentes e diretores que trabalham no comércio ficaram estacionados por um longo período, sendo reajustados de acordo com os índices de inflação. Participação nos resultados A pesquisa da USP mostra também que o principal benefício oferecido hoje pelas lojas a seus executivos é a participação nos resultados da empresa com um todo. "Isso torna o funcionário mais comprometido com a companhia", diz Silveira. Antes de 1990, a forma mais usual de o varejo remunerar o executivo era pagar um salário fixo acrescido de um percentual sobre as vendas da loja que ele administrava. Agora, no entanto, diz o consultor, o comum é dar ao executivo, além de um valor fixo, uma participação sobre o resultado da empresa como um todo, não apenas a loja que o gerente administra. Ainda no governo Itamar, foi baixada uma MP prevendo participação dos empregados nos resultados das empresas. Texto Anterior: O Real e o poder local Próximo Texto: Como é o perfil do profissional Índice |
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