São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996 |
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Cientista estuda morte celular em verme
JOSÉ REIS
A morte programada é rigidamente controlada, o que é importante porque a falta dessa regulação se associa a cancerização, auto-imunidade e possivelmente doenças neurodegenerativas, segundo acentua Hengartner, que acrescenta que o conhecimento íntimo dos mecanismos da morte programada pode levar à produção de novas terapias contra essas doenças. Sendo muito complexo o mecanismo da morte programada em mamíferos, Hengartner decidiu apelar para o estudo do processo em animais mais simples e, tanto quanto possível, por meios genéticos. Escolheu para esse fim o pequenino verme nematédeo (corpo fusiforme ou filiforme) Caenorhabditis elegans, cujo padrão de apoptose já foi inteiramente descrito. Durante o desenvolvimento hermafrodita desse verme produzem-se 1.090 células, 131 das quais destinadas à apoptose. Essas mortes são exatamente reproduzidas de um animal a outro, morrendo todas as células em seu ponto crítico de desenvolvimento. Muitas mutações afetam a morte programada no nematódeo. Domina a morte programada um gene, o "ced-9", diz a teoria de Hengartner. Este age como regulador negativo e protege as células que não devem morrer. Aparelhagem Experiências parecem indicar que todas as células do C. elegans possuem a informação e a aparelhagem necessária para sofrer a morte programada, mas essa atividade costuma ser suprimida pela atividade do gene "ced-9". A proteína fabricada pelo "ced-9" é muito parecida com o produto do oncogene "bel-2" de mamíferos. E a função proposta para o "bel-2" em mamíferos é idêntica à proposta para o "ced-9" no C. elegans -evitar que as células sofram morte programada. Tudo parece indicar que o "bel-2" é homólogo vertebrado do ced-9. Comenta Hengartner que, sendo provavelmente o mesmo o programa de morte programada de vermes e vertebrados, inclusive o homem, mais uma vez se demonstra, em nível celular e molecular, que a semelhança entre os seres vivos é maior do que se poderia supor em face das distinções morfológicas. Texto Anterior: Dentistas divergem sobre nome e função Próximo Texto: O que são sambaquis? Índice |
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