São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Jerusalém é foco de conflito

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

As bandeiras espalhadas por todos os cantos, anunciando a festa pelos 3.000 anos de Jerusalém, disputam espaço visual com os cartazes de propaganda eleitoral.
O mais forte deles, do Likud, dispara: "Peres dividirá Jerusalém".
Peres, é claro, jura que não é verdade e que pretende manter a cidade como a capital, indivisível, do Estado judeu, embora os palestinos reivindiquem a fatia oriental como sua própria capital.
Mas "Bibi" insiste em que houve negociações secretas entre representantes de Peres e os palestinos e enfatiza: "Não pode haver dúvida de que o Partido Trabalhista tenciona estabelecer um Estado palestino cuja capital será Jerusalém".
Já "Bibi" garante que não cederá um milímetro da histórica cidade.
'Segunda Jerusalém'
Retórica à parte, o fato é que há, já, uma proposta preliminar que permite aos palestinos ficar não exatamente com Jerusalém, mas com áreas suburbanas. São as localidades de Abu Dis e Azariah, já fora das fronteiras de Jerusalém, e sob autonomia palestina.
Os trabalhistas oferecerão a área como alternativa de capital e centro financeiro para os palestinos.
Mais: o governo se comprometerá a ajudá-los a levantar fundos, na comunidade internacional, para estabelecer um centro de negócios e uma zona industrial. Os palestinos rejeitam, em princípio, a hipótese de ficarem alijados de todos os "centímetros" de Jerusalém.
Mas Ahmed Qeria, presidente do Parlamento palestino eleito em janeiro, acena com a hipótese de aceitar uma Jerusalém unificada, desde que com livre acesso para todos aos seus locais sagrados, em troca de soberania palestina nos territórios, em Gaza e na parte oriental de Jerusalém.
Resta definir exatamente o que é "parte oriental". Se for dentro das fronteiras, nem Peres nem "Bibi" parecem dispostos a ceder.
É preciso, porém, convencer não apenas os palestinos (que são 25% da população total da cidade), mas também os países árabes vizinhos.
Há 10 dias, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, e o rei da Jordânia, Hussein, defenderam enfaticamente a reivindicação palestina de ter Jerusalém Oriental como sua capital.
(CR)

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