São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996
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Orgulho e tradição

CIDA SANTOS

No vôlei feminino, a semana é de correr em busca das três últimas vagas para a Olimpíada de Atlanta. Até o próximo domingo, oito seleções vão estar lutando pela classificação, em Osaka.
Os favoritos são Japão, Holanda e Croácia. As chances de Itália, Bulgária, Ucrânia, Taiwan e Romênia são bem reduzidas.
As holandesas e croatas foram a surpresa do último Campeonato Europeu. Desbancaram a Rússia e fizeram a final do torneio. As japonesas jogam em casa com a missão de não repetir o fracasso da seleção masculina, que está fora de Atlanta. Um tropeço ainda não assimilado por um país com tanta tradição no vôlei.
A seleção feminina japonesa é um dos orgulhos nacionais. Tem dois títulos olímpicos e só é superada pela ex-União Soviética, dona de quatro medalhas de ouro. Mas o reinado das japonesas foi mesmo nos anos 60 e 70. Nas duas décadas, elas davam a bola no vôlei e chegavam a todas finais olímpicas.
O primeiro grande sucesso aconteceu na Olimpíada de 64, em Tóquio. Era um tempo de disciplina rígida nas quadras japonesas. O técnico Hirofumi Daimatsu impunha treinos estafantes e chegava até a proibir qualquer relacionamento amoroso das atletas. A ordem era jogar vôlei: chegar à perfeição.
As japonesas foram campeãs em 64. Tamanha dedicação também deixou marcas. A capitã da seleção, Masae Kasai, 31 anos à época, chegou a confessar que nunca tinha namorado devido à rigidez dos treinos.
Eisaku Sato, então primeiro-ministro do Japão, acabou se sensibilizando e fez papel de cupido. Apresentou um rapaz, que acabou se tornando marido da jogadora.
Nos anos 90, a história é outra. Distante do pódio, a seleção japonesa luta apenas por uma vaga em Atlanta. A medalha olímpica agora é apenas um sonho em uma Olimpíada que terá Cuba, Brasil e EUA como grande favoritos.

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