São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996
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Palmeiras de Luxemburgo vence e deslumbra

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Campeoníssimo, era assim que se chamava o Palmeiras das cinco coroas, na virada dos 40 para os 50. Para quem não sabe, as cinco coroas foram cinco títulos conquistados pelo Palmeiras no Ano Santo, aquele que dividia o século ao meio -a mais rica e cintilante, a Copa Rio, um torneio internacional de altíssimo nível.
Lembrei-me disso, sábado, vendo o Palmeiras pôr a segunda mão na taça, ao bater o América por 1 a 0, falso resultado para tão brilhante exibição. Na verdade, o Campeoníssimo dos anos 50 me voltou à memória dias atrás, quando o Clóvis Rossi me questionava sobre a primeira impressão que tive do Palmeiras na vida.
Pois foi mais ou menos nessa época, um pouco antes, quando Oberdã ainda fechava o gol alviverde.
Num fragmentado desfile de rostos e estilos, estão Juvenal, zagueiro da Copa do Mundo de 50, Waldemar Fiúme, o Professor, o impecável argentino Luís Villa, o carrapato Dema, Aquiles, a seta disparada pelo arco sensível e preciso, o mestre Jair Rosa Pinto.
Vejo Liminha disparando pela ponta, Lima -o Garoto de Ouro-, com o gorrinho listrado de verde e branco escondendo a calva precoce, Canhotinho, Rodrigues Tatu e seus canhonaços de esquerda e vislumbro até a imagem fugidia e breve de Richard, um centroavante esguio, elegante, bom de cabeça, que logo voltou para o Sul, a fim de cuidar das terras da família.
Por consequência, salto uma década e, reverente, invado a Academia de Ademir da Guia, Tupãzinho, Servílio, Artime, Júlio Botelho, Djalma Santos, Djalma Dias e tantas outras sumidades.
E confesso, aqui entre nós: o Campeoníssimo trazia o peito cheio de medalhas, mas não deslumbrava; a Academia deslumbrava, mas vivia à sombra do incomparável Santos de Pelé. Só o tempo dirá se este Palmeiras, que vence e deslumbra, será chamado no futuro de a Academia Campeoníssima. Desconfio que sim.
*
Há uns dez anos, desde quando Júlio César se revelou no Guarani, o São Paulo, a cada início de temporada, anuncia sua vinda. Mas sempre há um Ronaldo para suprir a eterna ausência.
*
Por falar em São Paulo, ontem, parecia que o tricolor iria dar uma goleada redentora no Juventus. Parecia. Depois de um primeiro tempo razoável, em que meteu, logo de cara, 2 a 0, o São Paulo refluiu no segundo, enquanto o Juventus crescia com as substituições feitas pelo técnico Basílio.
Resultado: 2 a 2 e um aceno ao segundo lugar, tão ambicionado.
Mesmo porque o Santos, nesse sobe e desce que caracteriza sua participação nesta fase do Paulistão, perpetrou mais uma goleada, contra o Araçatuba, em casa: 5 a 2, com três gols de Giovanni.
E há ainda quem duvide da bola de Giovanni, que, neste torneio, não reprisa a performance do Campeonato Brasileiro. Mesmo assim, apesar de ser um articulador de jogadas, já pulou para o topo da artilharia, à frente do matador Luizão. Imaginem se estivesse jogando bem.

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