São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996
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Cinema brasileiro volta ao circuito comercial de Paris

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o cinema brasileiro, Paris será uma festa. Pelo menos 20 longas-metragens e uma dúzia de curtas nacionais serão exibidos nos próximos dois meses na cidade.
No final de junho, haverá três "soirées exceptionnelles" dedicadas ao cinema brasileiro, dentro da festa anual do cinema francês.
No dia 24, será exibido um filme recente brasileiro, ainda não definido. No dia 26, uma seleção de curtas; e, no dia 28, um filme de José Mojica Marins (o Zé do Caixão), provavelmente "À Meia-Noite Levarei a Sua Alma" ou "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver".
Entre 2 e 9 de julho, as duas salas do cine Le Latina (rue du Temple, 20, atrás do centro Georges Pompidou) abrigarão o ciclo "Cem Anos de Cinema Brasileiro", com uma vintena de longas clássicos e recentes, mais uma série de curtas realizados no Brasil ou por brasileiros que vivem na França.
A semana escolhida tem uma razão de ser: em 8 de julho se comemora o centenário da primeira exibição de cinema no Brasil.
'Alma Corsária'
Mais importante que tudo isso: o longa-metragem "Alma Corsária", de Carlos Reichenbach, será lançado comercialmente em Paris no dia 10 de julho. Depois de ficar por três semanas no Le Latina, seguirá carreira em outras cidades francesas. É o primeiro filme brasileiro a entrar no circuito comercial francês nos últimos oito anos.
Depois de amanhã, às 16h, "Alma Corsária" terá uma exibição especial para a imprensa e convidados na sede da Unesco em Paris. É esperada a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso ou um representante seu.
Por trás de todos esses eventos, está uma pequena entidade cultural chamada Association Bem-Te-Vi, fundada em Paris há três anos para divulgar o cinema brasileiro na França.
Falta de apoio
Além dos filmes já confirmados (leia quadro), Paula está tentando incluir na programação os longas-metragens "O Guarani", de Norma Bengell; "Sábado", de Ugo Giorgetti; "Inocência", de Walter Lima Jr.; "Eu Te Amo" e "Eu Sei Que Vou Te Amar", de Arnaldo Jabor; e "O Grande Momento" e "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", de Roberto Santos.
A maior dificuldade que a associação enfrenta é a legendagem dos filmes em francês. "O Ministério da Cultura do Brasil prometeu ajudar, mas até agora só estamos contando com o apoio do Centro Nacional de Cinematografia (CNC) da França e do Ministério da Cultura francês", diz Paula.
Além da falta de apoio, a Bem-Te-Vi enfrenta também dificuldades de comunicação com os produtores e cineastas brasileiros. "Não existe mais nenhum órgão centralizador das informações sobre o cinema brasileiro. Encontrar as pessoas é uma loucura", queixa-se Paula Vandenbussche.
Para ela, este é um bom momento para tentar "retomar a ponte entre os cinemas brasileiro e francês que existia nos anos 60 e 70".

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