São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996
Próximo Texto | Índice

Projeto leva informática a deficiente

HEINAR MARACY
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um projeto está sendo realizado em São Paulo usando a informática para auxiliar a profissionalização de deficientes auditivos, deficientes físicos e crianças e adolescentes com problemas no processo tradicional de aprendizagem.
O projeto Irion foi desenvolvido pelo colégio Conceito e pela empresa de treinamento e consultoria Quatro C.
Seu principal objetivo é preparar as crianças e adolescentes para o mercado de trabalho, com um acompanhamento individual, usando métodos pedagógicos específicos, auxiliado pelo microcomputador.
"Não se trata de um curso de informática", diz José Rubens Almeida, diretor da Quatro C.
"O Irion é um curso de recuperação escolar e habilitação social, no qual crianças limítrofes e deficientes físicos que tiveram problemas de adaptação em escolas convencionais podem ter uma segunda chance".
Bons resultados
O Projeto Irion é dividido em quatro módulos de pelo menos duas horas semanais: informática (profissionalizante ou lúdica, dependendo da idade do aluno), inglês, recuperação escolar e comportamento social.
"Temos obtido resultados muito bons", diz Almeida. "O computador abre um novo mundo para esses alunos."
Segundo ele, a maioria dos alunos carrega uma bagagem muito grande de frustrações por ter passado por instituições nas quais não conseguiram acompanhar o rendimento de seus colegas.
"O perfil desses alunos geralmente inclui várias mudanças de escolas e repetências. O trabalho com o computador traz novos desafios. Quando esses desafios são superados, sua auto-estima é renovada."
Almeida ressalta o papel da Internet na ampliação do universo social de seus alunos.
"Além de poder passear por museus e poder consultar uma enorme quantidade de informações, eles podem bater papo com outras pessoas sem se identificar, sem a barreira de suas deficiências. Isso é muito positivo", diz ele.
Procura crescente
Segundo Ana Maria Coutinho, diretora do colégio Conceito, a procura pelo curso tem crescido bastante, principalmente por pessoas sem escolaridade, que necessitam ser realfabetizadas.
"Hoje, o micro é tudo", diz ela. "Nós podemos afirmar que, pelo projeto Irion, o aluno poderá, no mínimo, se profissionalizar como digitador, caso tenha algum tipo de deficiência que impeça um trabalho mais complexo."
Desempenho acima da média
Ana Maria ressalta que deficientes auditivos têm tido um desempenho acima da média no aprendizado de programas de ilustração, editoração e até mesmo na programação de desenvolvimento de programas e análise de sistemas.
"Talvez porque o silêncio necessário para a concentração nesse tipo de tarefa seja natural para eles, muitos acabam se tornando profissionais altamente capacitados."

Onde encontrar - Colégio Conceito: tel. (011) 5561-3033; Quatro C: tel. (011) 531-0088

Próximo Texto: Câmera de vídeo para Mac custa R$ 150; Notebook da Acer tem preço mais baixo; Plug & Use promove "venda de garagem"; CD-ROM apresenta atrações de Ouro Preto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.