São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996
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Peres depende de voto árabe

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O candidato conservador, Binyamin Netanyahu (Likud), ganha do premiê Shimon Peres entre os judeus, mas pode perder no cômputo geral, porque o eleitorado árabe com cidadania israelense vota maciçamente por Peres.
A informação faz parte de uma pesquisa interna divulgada pelo Likud e reforçou a desconfiança de que a direita prepara-se para impugnar politicamente o resultado da votação, se for decidida pela minoria árabe.
A pesquisa mostra que, entre os judeus (cerca de 86% dos eleitores), "Bibi" ganha de Peres por 46% a 42%. Mas, incluindo-se o voto dos árabes (pouco menos de 14% do eleitorado), há um empate estatístico, diz o Likud.
As duas informações (empate no global e predominância de "Bibi" entre os judeus) parecem corretas.
Ontem, o mais conceituado pesquisador israelense, Hanoch Smith, disse a jornalistas estrangeiros que sua pesquisa mais recente mostra Peres com 49%, "Bibi" com 45% e 6% de indecisos.
Mas Smith foi claro: "Não posso dizer categoricamente que essa pesquisa seja a última palavra sobre o resultado. Qualquer coisa pode acontecer".
O pesquisador, que acerta resultados desde 1981, lembra que só a margem de erro (de quatro pontos percentuais) já indica que uma previsão definitiva é inviável.
Números
Quanto ao voto judeu e árabe, é fácil fazer as contas para demonstrar que o Likud pode ter razão: na pesquisa que lhe é mais favorável, Peres leva vantagem de apenas seis pontos percentuais.
Ora, 67,5% do eleitorado árabe votará por Peres, conforme pesquisa publicada na semana passada pelo jornal mais popular de Israel, o "Yedioth Ahronot".
Como os árabes são 14% do eleitores, os 67,5% que Peres obtém correspondem a quase 10 pontos percentuais do cômputo geral, ou três pontos mais do que sua vantagem na pesquisa mais favorável.
Portanto, é inevitável, se as urnas confirmarem as pesquisas, que haja maioria pró-conservadores entre os judeus, só revertida a favor do atual premiê pelo voto árabe.
Consequência política, antevista pelo colunista do jornal "Haaretz" Uri Benziman: "A direita está indicando que só aceitará uma decisão: a que lhe dará o poder. Qualquer outra decisão será considerada ilegítima porque dependerá dos votos dos árabes".
(CR)

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