São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 1996 |
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PMs suspeitos de chacinar 13 são presos
ANDRÉ LOZANO
Nas três chacinas atribuídas à quadrilha -duas na zona leste e uma na zona sul-, 13 pessoas foram mortas. A polícia não descarta o envolvimento do grupo em outras chacinas. A forma de agir do grupo foi semelhante nas três chacinas: usaram um Opala preto, de propriedade de um dos acusados, conhecido como Robocop, e assassinaram todas as pessoas que presenciaram a matança. O reconhecimento do grupo foi possível a partir do depoimento sigiloso, na semana passada, de um homem (a polícia não autoriza a divulgação de seu nome) que manteve contato com o bando e que chegou a ser convidado pelos PMs a participar de um assalto a banco. Como ele se recusou, levou cinco tiros, mas sobreviveu. Nos últimos 25 dias, a testemunha manteve contato telefônico -ela está em outro Estado- com o ouvidor da Polícia de São Paulo, Benedito Domingos Mariano, para acertar os detalhes do esquema especial de segurança que seria montado para que ela pudesse depor no DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa). Na manhã da última quinta-feira, o denunciante foi apanhado por policiais no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica (Guarulhos), e levado ao gabinete do diretor da Divisão de Homicídios, Jurandir Correia de Sant'Anna. A testemunha teve de dormir no DHPP para continuar o depoimento na sexta-feira. Lá, a testemunha contou como foi convidada pelos PMs a participar do roubo da agência da Nossa Caixa Nosso Banco, no último dia 15 de fevereiro, e identificou, por meio de fotos, os policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Hellmans Hoffman de Oliveira -o líder do grupo, Robocop-, Celso Luiz de Paula, Wellington Gonçalves Torquato e José Walter Benevides Moura. Segundo a testemunha, as chacinas ocorriam depois que traficantes se negavam a pagar a propina exigida pelo grupo. O denunciante apontou ainda o policial Carlos Cardoso Lima, do 12º Batalhão da PM (na zona sul) como integrante de um grupo de extorsão e tráfico de drogas. Os cinco PMs foram presos nos últimos quatro dias. Eles negam os crimes (leia texto abaixo). Oliveira, Luiz de Paula, Moura e Torquato estão detidos na Corregedoria da PM (centro). Lima foi levado ao presídio militar Romão Gomes por ter sido preso em flagrante -a Corregedoria da PM diz ter encontrado 16 cigarros de maconha em sua casa. As armas dos acusados foram apreendidas pela Corregedoria da PM. Elas serão confrontadas com as balas tiradas das vítimas. Próximo Texto: CONHEÇA AS ACUSAÇÕES Índice |
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