São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 1996
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Responsável por poda de árvore é demitido

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf exonerou ontem o administrador regional de Pinheiros, Evaldo Grasso, que determinou a poda e corte de árvores no bairro para facilitar a transmissão aérea da 2ª Maratona de São Paulo.
A prova acontece no próximo dia 9 de junho.
Seis seringueiras com cerca de 40 anos de idade foram podadas. Uma figueira, com presumíveis 50 anos, foi derrubada.
As árvores ficam na avenida Professor Manuel José Chaves, no Alto de Pinheiros (zona oeste).
Grasso é funcionário de carreira da prefeitura. Com a exoneração, ele volta ao cargo de engenheiro. Procurado ontem, ele não quis dar entrevista.
Maluf elogiou a reportagem publicada ontem pela Folha, que noticiou o corte das árvores.
"O prefeito não tem condições de fiscalizar o que se faz na cidade o tempo todo. A imprensa tem um papel importante nessa fiscalização", afirmou ele, por meio de sua assessoria de imprensa.
Segundo o secretário das Administrações Regionais, Arthur Alves Pinto, Grasso foi demitido porque não havia um agrônomo acompanhando o corte das árvores. "Só um agrônomo pode decidir sobre o corte de árvores", disse.
Ele não confirmou que o corte era necessário para facilitar a filmagem da maratona por helicópteros. "Eu não sei porque elas foram cortadas."
No ano passado, a prefeitura cortou árvores na avenida Sumaré e em outras ruas por onde passou a maratona.
A informação de que o corte faz parte dos preparativos da maratona foi dado pela empresa Trajeto, que executa o serviço.
Justiça
Ontem, o vereador José Eduardo Cardozo (PT) oficiou o juiz Wilson Gomes de Melo, da 4ª Vara da Fazenda Pública, solicitando a suspensão da maratona.
No ofício, o vereador lembra que uma liminar do próprio juiz suspendeu a realização da prova até o julgamento final da ação, que ainda não ocorreu.
A prefeitura é acusada de contratar a Rede Globo, por R$ 1,2 milhão, para organizar e transmitir o evento sem realizar uma licitação pública.
Segundo o ofício, há "claros indícios de violação da decisão" da Justiça.
O ofício afirma ainda que a prefeitura está tentando "camuflar" sua participação no evento, ao "informara que apenas irá ceder os locais de percurso, controle do trânsito e segurança, sem obviamente dizer qual o gasto que efetuará no mesmo".
Segundo o secretário municipal dos Esportes, Ivo Carotini, a prova pode ser realizada pois "o que está sendo julgado pela Justiça é o contrato entre a prefeitura e a Globo, e neste ano não foi feito nenhum contrato", disse.
Segundo Carotini, este ano a prova está sendo organizada pela empresa Koch Tavares, com apoio da prefeitura. "Nós não estamos afrontando a Justiça", disse o secretário.

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