São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 1996
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A VIAGEM DE FHC

A manifestação de Organizações Não-Governamentais francesas contra o governo brasileiro em Paris revela que a deterioração da imagem do Planalto já alcançou dimensões internacionais. Nem mesmo em sua "segunda pátria", a França, o presidente Fernando Henrique Cardoso se vê livre da pressão para dar mais atenção aos temas sociais.
Se Fernando Henrique contava com seu prestígio internacional para ajudar a trazer capitais externos, é certo que os incidentes de ontem não contribuem para esse objetivo.
É cada vez maior o papel que vêm desempenhando as Organizações Não-Governamentais no trabalho de exigir o respeito aos direitos humanos e nas demandas por maior justiça social e cada vez maior a sua força junto a governos e à própria comunidade internacional. É como se o fenômeno da globalização tivesse atingido também esse campo. Hoje já não são tanto os governos, mas sim essas entidades que assumiram a função de observar e denunciar os abusos em todos os níveis, dando-lhes repercussão internacional.
Assim, como esta Folha vem sustentando já há algum tempo, o Planalto precisa, sim, continuar empenhado na aprovação das reformas constitucionais, mas não pode abrir mão da administração de políticas pragmáticas com impactos mais concretos na vida dos cidadãos.
Um outro ponto da viagem do presidente à Europa que merece indagação é o tamanho de sua comitiva. É de se perguntar se seria realmente necessário levar mais de 110 pessoas ao velho continente. É claro que não é esse dinheiro que vai definir o déficit ou superávit das contas públicas, mas é necessário que a autoridade maior do país dê o exemplo da máxima austeridade na administração do dinheiro público.
A viagem ainda está apenas começando, mas, ao que tudo indica, não será fácil repetir o sucesso das que a precederam.

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