São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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Reeleição permite continuidade, diz FHC

JAIR RATTNER
DANIELA PINHEIRO

JAIR RATTNER; DANIELA PINHEIRO
ENVIADOS ESPECIAIS A PARIS

Empresários pedem garantias de prosseguimento na orientação econômica; Chirac elogia Real

Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem em Paris a reeleição presidencial como resposta ao questionamento do empresariado francês por garantias de continuidade na orientação econômica brasileira.
"Deve ser criada a possibilidade de reeleição, mas isso não é uma questão pessoal", disse o presidente, na sede da Confederação Nacional do Patronato Francês, órgão que reúne os principais empresários do país.
A afirmação foi feita em resposta a perguntas de empresários, após discurso de FHC, ao final de um almoço na sede da confederação.
FHC afirmou que a idéia da reeleição surge da "vontade" dos brasileiros.
"Não posso garantir que me lançarei nesse projeto, mas posso assegurar que a sociedade brasileira quer a continuidade", disse o presidente.
Chirac
As questões econômicas dominaram a agenda de FHC ontem. Em jantar oferecido a FHC, o presidente francês, Jacques Chirac, elogiou o programa de estabilização brasileiro: "O Real é um sucesso porque recuperou a confiança no Brasil, a competitividade na economia brasileira e melhorou a justiça social".
Chirac afirmou que, como a "mais importante economia da América Latina", o Brasil é "prioridade" para a França. Apontou o fim da exigência dos vistos para turistas brasileiros e franceses (veja texto abaixo), como exemplo.
O presidente francês pediu a união dos dois países em questões de direitos humanos e no auxílio a países mais "vulneráveis à globalização".
Motta
A defesa da reeleição por FHC foi feita depois de exposição do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, na sede da confederação francesa. Numa apresentação do processo de privatizações e da abertura do setor de telecomunicações à iniciativa privada, Motta exibiu plano que vai até 2003.
Motta afirmou que até lá o Brasil deverá ter investimentos de US$ 75 bilhões em infra-estrutura de telecomunicações -metade até 99.
Na apresentação, Motta disse que o projeto de FHC é de 20 anos. "Não quero dizer 20 anos com o mesmo governo, mas com a mesma concepção filosófica."
Em discurso de duas horas, Motta disse que não acredita em políticas de emprego -"política de emprego é investimento".
Abertura
Em relação à abertura da concorrência para a chamada banda B da telefonia celular, tentou atrair capitais franceses dizendo que a lei não distingue mais o capital brasileiro do estrangeiro.
A nova lei permite que empresas estatais de outros países possam comprar as brasileiras na privatização. "Estatal por estatal, prefiro a Telebrás", disse o ministro.

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